STEVENS-JONHSON

Doença de bebê de Anápolis que reagiu a medicamento afeta 6 pessoas a cada 1 milhão

A bebê de Anápolis de um ano e um mês que foi internada na UTI…

A bebê de Anápolis de um ano e um mês que foi internada na UTI após ter forte reação a um medicamento para epilepsia foi diagnosticada com uma síndrome que, conforme dados dos Anais Brasileiros de Dermatologia, acomete de duas a seis pessoas a cada um milhão por ano no Brasil. Caracterizada por feridas que se assemelham a queimaduras, a Síndrome de Stevens-Johnson é rara e pouco conhecida e tem origem no uso de certos medicamentos.

Ao Mais Goiás, a médica dermatologista Lais Carvalho explica que a síndrome pode acometer crianças, adultos e idosos. Segundo ela, a doença pode ser vista como uma reação de hipersensibilidade, ou seja, “uma alergia a determinados medicamentos” que faz com que a camada superficial da pele “descole”, dando a aparência de uma queimadura de terceira grau.

“O organismo da pessoa produz anticorpos que se depositam entre a camada mais superficial e a mais profunda da pele, provocando o destacamento da pele superficial e dando o aspecto de queimadura, mas não é queimadura”, diz a médica.

Descolamento da pele pode atingir mucosas na Síndrome de Stevens-Johnson

Conforme a dermatologista, a causa mais comum da síndrome é o uso de alguns medicamentos, principalmente o de anticonvulsionantes e antibióticos. No entanto, Lais ressalta que medicamentos mais simples como dipirona e anti-inflamatórios também podem desencadear reações verificadas na Stevens-Johnson. “Depende muito mais do organismo de cada pessoa do que do medicamento em si”, enfatiza.

A pequena Helena Cristina, de apenas um ano e um mês, foi parar na UTI após reação a medicamento (Foto: Arquivo pessoal – Reprodução)

“É um quadro grave porque a pele fica toda descolada, podendo afetar também as mucosas como olhos, boca, trato gastrointestinal”, esclarece Lais, destacando que a doença também pode ter outras causas, como vírus, bactérias e alguns tipos de câncer.

A médica explica que a classificação da doença de Stevens-Johnsons se restringe à situação em que a pessoa tem até 10% de descolamento da camada superficial da pele. “Mais de 30%, é necrólise epidérmica tóxica, que é a morte da epiderme. Um quadro ainda mais grave”, conclui.

Bebê de Anápolis segue em estado grave

Continua em estado grave a bebê de Anápolis de um ano e um mês que ficou desfigurada após forte reação alérgica a um medicamento usado no tratamento de epilepsia. Segundo informações do Hugol, onde está internada, a pequena Helena Cristina encontra-se na UTI da unidade “com o estado geral grave e respirando com a ajuda de aparelhos”.

Helena havia sido internada na UTI do Hospital de Queimaduras de Anápolis no último sábado (11), sendo transferida para a UTI do Hugol na noite da última quarta-feira (16). De acordo com o pai da bebê, Hugo Motta, ela foi submetida à fisioterapia e já passou pela avaliação de um médico cirurgião plástico. Uma raspagem está programada para amanhã.

Ao Mais Goiás, Motta afirmou que após um diagnóstico de rosácea, os médicos concluíram que Helena havia sido acometida com uma forte reação ao medicamento Lamotrigina, usado no trato de epilepsia. De acordo com Motta, três médicos concluíram se tratar da Síndrome de Stevens-Johnson.

Conforme o farmacêutico e presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Goiás (Sinfargo), Fábio Basílio, o medicamento Lamotrigina é contraindicado para menores de dois anos. Porém, segundo ele, não existem exames que possam detectar uma alergia a algum medicamento antes de seu uso, o que torna impossível prever algum tipo de reação.