Dois bares populares de Goiânia são autuados em operação policial na noite desta sexta-feira
No Bahrem, a Amma constatou excesso de volume, enquanto no Alabama foram apreendidos diversos alimentos em mau estado de conservação
Dois bares bastante populares em Goiânia foram autuados administrativamente na noite desta sexta-feira (17/6) durante uma ação das forças policiais de Goiás. No Bahrem, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) constatou excesso de volume, enquanto no Alabama foram apreendidos diversos alimentos em mau estado de conservação.
Segundo o delegado Weberth Santos, da Delegacia do Consumidor (Decon) os produtos na cozinha do Alabama estavam mal acondicionados e mal conservados, alguns deles, inclusive, com a data de validade expirada. Pela infração, foi aberto um inquérito policial contra o bar pelo crime contra as relações de consumo. Além dos dois bares autuados, outro estabelecimento foi vistoriado na Avenida 85, mas não foram constatadas irregularidades.
As ações de fiscalização foram deflagradas pelas polícias Militar – por meio do 1º Batalhão da PM e parte dos grupos especiais da corporação (Bope, Giro, Choque e Batalhão de Trânsito) -, Civil e Técnico-Científica, além do Corpo de bombeiros, Procon e Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma).
O Comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente-coronel Pedro Castelões, que estava à frente da ação, ressaltou a importância do trabalho. “Nosso foco é combater a criminalidade em suas mais diferentes áreas. É justamente neste sentido que estamos atuando nesta noite: evitar que criminosos façam algo contra a população e fiscalizar a segurança que esses estabelecimentos oferecem aos seus clientes”, afirmou.
O foco da operação foi em possíveis manchas criminais previamente levantadas pelo Serviço de Inteligência. A intensificação das ações das forças policiais na Capital, assim como nos demais municípios goianos, faz parte da política ostensiva e repressiva de combate à criminalidade da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP). A medida foi implantada pelo vice-governador José Eliton, desde que assumiu a pasta, em fevereiro deste ano.
O Mais Goiás entrou em contato com os dois bares autuados, mas, em ambos os casos, as pessoas responsáveis por responder sobre o assunto não estavam presentes. Atualizaremos a matéria assim que obtivermos retorno.
Repúdio da Abrasel
Neste sábado, a Associação Brasileira de Bares e restaurantes (Abrasel) divulgou nota em repúdio à forma com que foi conduzida a operação desta sexta-feira. Apesar de ressaltar o apoio às ações de fiscalização, a entidade afirma que a ação de ontem foi conduzida de forma a provocar “forte constrangimento devido a marginalização dos frequentadores de bares e restaurantes”.
Para a Abrasel, operações como a ocorrida parecem “um verdadeiro crico midiático”. “O descomprometimento de um festa privada não reflete a conduta dos bares e restaurantes de Goiânia e não devemos ser responsabilizados por isso. Todos os empresários do segmento prezam pela segurança e bem estar de seus frequentadores, visto que 90% dos estabelecimentos contam com esquema de segurança”, destaca a nota, lembrando do assassinato do jovem Raycá Albino, morto na madrugada do último dia 12, vítima de disparos de arma de fogo dentro de uma boate.
“A violência desproporcional e os procedimentos humilhantes aos quais foram e que veem sendo submetidos donos de bares e restaurantes deste Estado é que REPUDIAMOS toda e qualquer ação ARBITRÁRIA, DESARRAZOADA e DESPROPORCIONAL e nos colocamos à disposição das autoridades deste Estado para debater esses procedimentos”, pontua o texto.
Confira a nota na íntegra:
Associação de bares e restaurantes sem fins lucrativos, que representa mais 16 mil empresas do segmento de alimentação fora do lar em todo Estado de Goiás e gera cerca 100 mil empregos diretos, declara que sempre apoiou as ações de fiscalização, seja de qual órgão for, pois defendemos e sempre lutaremos pela moralização do nosso segmento. Todavia, na data de ontem (17/06/2016) por volta das 23 horas uma ação realizada em conjunto do PROCON, Amma, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Militar gerou o questionamento de empresários do segmento de bares e restaurantes de Goiânia sobre a maneira que a operação foi conduzida.
A operação foi divulgada com o objetivo de verificar a fiscalização da segurança destes estabelecimentos, além de aprender armas, drogas, captura de foragidos e coibir ações criminosas. Com um forte aparato policiais, adentraram nos estabelecimentos a “serem fiscalizados” e provocou, tanto nos frequentadores, quanto nos empresários um forte constrangimento devido a marginalização dos frequentadores de bares e restaurantes.
A Abrasel já se posicionou diversas vezes contra essas operações que na verdade parecem um verdadeiro circo midiático. O descomprometimento de um festa privada não reflete a conduta dos bares e restaurantes de Goiânia e não devemos ser responsabilizados por isso.
Todos os empresários do segmento prezam pela segurança e bem estar de seus frequentadores, visto que 90% dos estabelecimentos contam com esquema de segurança. Reforçamos que sempre apoiaremos as ações de fiscalização que são benéficas para a sociedade, mas frisamos não entendermos a necessidade destas ações acontecerem durante a noite, quando as casas estão sempre cheias e nunca pela manhã, pois os alvarás exigidos durante as fiscalizações nunca saem de nossos estabelecimentos. Dentre os estabelecimentos fiscalizados na noite de ontem nenhum cidadão foi revistado, somente pressionados os empresários que passaram por uma situação vexatória perante aos olhos de seus frequentadores e do veículos de comunicação. Infelizmente a criminalidade está generalizada seja em bares no Marista como os bares da periferia, mas não entendemos também porque as fiscalizações acontecem também somente nesta região e somente em alguns bares.
Visto a diversidade da Capital essa ação deveria ser aplicada em toda a cidade, com foco nos pontos de maior criminalidade e não visando somente os maiores bares da Capital. Os bares são espaços democráticos , não podemos proibir o direito de ir e vir dos cidadãos em nossos estabelecimentos. O que é de nossa responsabilidade é de assegurar a segurança de nossos frequentadores dentro de nossas casas.
Assim a responsabilidade de quem comete um crime e está solto não é nossa, e sim do Estado que tem o dever de cuidar da nossa segurança. Todavia, sempre nos responsabilizam pela criminalidade da cidade, sendo que de 90% a 100% dos frequentadores são pessoas de bens que desejam um momento de confraternização. Portanto, a violência desproporcional e os procedimentos humilhantes aos quais foram e que veem sendo submetidos donos de bares e restaurantes deste Estado é que REPUDIAMOS toda e qualquer ação ARBITRÁRIA, DESARRAZOADA e DESPROPORCIONAL e nos colocamos à disposição das autoridades deste Estado para debater esses procedimentos humilhantes praticados em nossos estabelecimentos.
Aplausos
Sobre a operação, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que os frequentadores do estabelecimento foram informados do caráter preventivo da ação e estes teriam, “em clara demonstração de apoio à repressão ao crime”, aplaudido a ação. “O tenente-coronel Pedro Castelões deixou claro que o objetivo da ação não era causar constrangimentos, mas, sim, garantir mais segurança à população”, diz texto do órgão.