POSICIONAMENTO

Dono do Grupo Kurujão, Douglas dos Reis se defende no caso do padre Robson

Douglas dos Reis e sua empresa foram citados em negócios realizados pela Associação Filhos do Pai Eterno

Grupo Kurujão reafirma licitude de negócios com Afipe de Padre Robson

O proprietário do Grupo Kurujão, Douglas dos Reis, citado na Operação Vendilhões – que investiga o padre Robson de Oliveira e a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) por supostos delitos de lavagem de capitais, organização criminosa e apropriação indébita –, divulgou nota, nesta quarta-feira, em que diz que “não houve transação imobiliária diretamente com a Afipe, mas sim o recebimento de imóveis arrolados em um acordo com Marcos e Ademar, sócios da empresa Sul Brasil [também citados] que, em 2016/2017 venderam a TV RCI para a Afipe, recebendo parte do pagamento em imóveis”.

Ainda segundo o texto, em meados de 2018, Marcos e Ademar compraram 50% do complexo empresarial do Grupo Kurujão, ocasião em que foi dado como parte do pagamento imóveis recebidos da associação e que “estão registrados na empresa KD Administradora de Bens Ltda”.

Segundo a nota, Douglas e o grupo têm contribuído, pessoalmente ou através de seus advogados, para o esclarecimento dos fatos, mantendo-se à disposição das autoridades. “Douglas dos Reis e Grupo Kurujão reforçam o respeito e confiança no Ministério Público e no poder Judiciário de Goiás, Estado que escolheram para sediar suas atividades e que, com suor, honestidade e trabalho, há mais de 30 anos, têm ajudado a construir”.

Relembre

Douglas dos Reis, que é pré-candidato a prefeito de Trindade e dono da maior rede de postos de combustível de Goiás, o Posto Kurujão, e da KD Administradora de Bens, foi citado na decisão da juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, que autorizou a operação. Conforme o relatório, estas duas teriam realizado uma série de transações imobiliárias, entre 2018 e 2019.

A KD, segundo informado, recebeu dezenas de imóveis de propriedade das Afipes em acordos, que foram “evidentes prejuízos” para as associações. Foi apontado possível crime de lavagem de dinheiro, nestas. A Afipe teria celebrado, também, um acordo com imóvel adquirido em 2013 por R$ 1,350 milhão por R$ 2 milhões com a KD, em 2019. A empresa, em seguida, hipotecou o bem por R$ 7,35 milhões em negociação com a empresa Raizem Combustíveis S.A. (Shell). Isso teria ocorrido com dezenas de outros imóveis, conforme exposto na decisão da magistrada.

A KD Aministradora de Bens teria sido constituída em novembro 2018 por Ademar Euclides e Marcos Antônio Alberti, proprietários da Sul Brasil. Porém, eles foram substituídos por Douglas Reis, Elza Fátima dos Reis e Vivian Fátima dos Reis, os mesmos proprietários do Auto Posto Kurujão.

Em 2018, conforme o texto, foi criada a Kurujão Administradora de Bens. Nela, são sócios Douglas Reis e os dois últimos sócios da Sul Brasil: Ademar Euclides e Marcos Antônio.

Saiba mais na matéria “Saiba quem é quem no escândalo da igreja de Trindade“.

Operação Vendilhões

Padre Robson e a Afipe são investigados pela Operação Vendilhões, deflagrada no último dia 21, por suposta apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal. O religioso presidia a associação, mas pediu afastamento de suas funções tanto na associação, quanto no Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, onde era reitor. No dia 23, a Arquidiocese de Goiânia revogou temporariamente o uso de ordens do padre, impedindo a realização de missas e outras atividades.

O MP-GO apura desvios na ordem de R$ 120 milhões nas contas das associações. O montante de repasses para as empresas de comunicação foram de R$ 456 milhões. Estes também são investigados, pois não teriam afinidade com o objetivo final da Afipe de evangelização.

Pedro Paulo de Medeiros, advogado do Padre Robson diz que o religioso ainda não foi ouvido pelo Ministério Público. Segundo ele, o sacerdote é o maior interessado na verdade e na transparência. “A defesa aguarda e insiste com o Ministério Público para que ele seja ouvido, o que não aconteceu nem foi agendado até então.”