Crise penitenciária

Dos 270 presos que fugiram em Goiás neste ano, 43% estão foragidos

Levantamento feito pelo Mais Goiás revela que, em menos de 40 dias, já aconteceram cinco motins no Estado e 118 detentos continuam soltos

O ano de 2018 começou conturbado nas unidades prisionais de Goiás. Já no primeiro dia de janeiro houve fuga e mortes no Presídio Semiaberto, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Depois deste incidente, as fugas e motins continuaram, totalizando 270 detentos que fugiram, conforme levantamento feito pelo Mais Goiás. Deste total, 43,7% ainda estão foragidos.

Segundo informações cedidas pela Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), 118 detentos continuam foragidos de seis fugas diferentes em todo o Estado. O órgão informou ainda que cinco motins foram registrados nas unidades prisionais goianas desde janeiro e em apenas um deles houve refém.

O Presídio Semiaberto, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia foi o primeiro a registrar fugas e mortes. No dia 1° de janeiro, 242 detentos fugiram, 14 ficaram feridos e seis morreram. A confusão na unidade prisional começou logo após o almoço, quando presos que estavam na Ala C invadiram as Alas A e B, e entraram em confronto com detentos rivais. Entre os mortos, pelo menos um foi decapitado, e outro teve o corpo incendiado.

No mesmo dia, um agente penitenciário foi feito refém na Unidade Prisional de Santa Helena,  a 200 quilômetros de Goiânia. A intenção dos presos, segundo levantamento de dados das polícias Militar e Civil, aponta para uma tentativa de execução em outra ala do presídio, o que teria gerado a confusão. Na ocasião, seis presos foram transferidos para outras unidades prisionais e uma das alas ficou danificada.

No início da noite do dia 4 de janeiro, um princípio de rebelião foi registrado na Penitenciária Odenir Guimarães (POG) . O tumulto foi causado porque detentos da ala C da Colônia Agroindustrial do regime semiaberto tentaram invadir as alas A, B e D. Houve tentativa de explosão de uma granada e troca de tiros, mas as forças policiais conseguiram conter a situação. Não houve mortes e um preso fugiu.

Na madrugada do dia seguinte, um novo motim aconteceu na POG. Segundo nota da DGAP, o princípio de rebelião começou por volta das 4h30 e foi controlado após o Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope), com apoio da Polícia Militar, invadir o presídio. Focos de incêndio que haviam no local foram controlados e, às 7 horas, foi iniciado um procedimento de revista. Não houve mortes.

No dia 6 de janeiro, foi  Penitenciária de Luziânia, a 212 quilômetros de Goiânia, que registrou a fuga de dez detentos. De acordo com a DGAP, a fuga aconteceu por volta de 11h, enquanto os presos tomavam banho de sol. Os foragidos, que são responsáveis pela limpeza do corredor e fornecimento de alimentos para os demais internos, serraram e estouraram os cadeados e a grade da cela 4 da ala A.

Já no dia 20 de janeiro, os detentos da unidade prisional de Anápolis iniciaram um tumulto, depois que um dos presos teve autorização de saída negada para ir ao velório do irmão, que de acordo com a DGAP, morreu em confronto com a Polícia Militar, em Caldas Novas. Após a confusão, a direção da unidade autorizou o corpo a entrar no local, no dia seguinte.

A Penitenciária de Rio Verde também registrou mortes e fugas ainda no primeiro mês do ano. No dia 23 de janeiro, treze presos fugiram e dois morreram após troca de tiros com a Polícia Militar. Os presos conseguiram serrar a grade da cela e do alambrado externo e tomaram a área externa da unidade prisional, apenas um dos fugitivos foi recapturado.

A fuga de presos mais recente aconteceu há alguns dias da segunda visita da presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia à Goiânia, com o intuito de buscar alternativas para a crise penitenciária no Estado. Nesta terça-feira (6), quatro detentos fugiram da Unidade Prisional de Vianópolis, município a 96 quilômetros da capital.