“É um nocaute na economia da cidade”, diz prefeito de Pirenópolis sobre a quarentena
Cidade histórica decretou Emergência na Saúde, cancelou eventos e fechou rede hoteleira. Comércio teme "quebradeira"
Com nenhum leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e cerca de 80% de cancelamentos nas estadias, a cidade histórica de Pirenópolis começa a sentir os efeitos da suspensão de eventos públicos e privados e fechamento da rede hoteleira. Decreto de situação de emergência na Saúde, assinado pelo prefeito João do Leo (DEM), na última quarta-feira (18), quer conter o avanço da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no município.
Segundo o prefeito, o município possui dois casos suspeitos de contaminação por coronavírus, mas não há estrutura de Saúde para tratamento adequado. Ele diz que a única solução seria encaminhar o paciente para Anápolis ou Goiânia.
Mesmo com o avanço da pandemia no Brasil muitos turistas ainda buscavam hospedagens e eventos em Pirenópolis. “Com as férias coletivas das empresas, sobretudo de Brasília, muitos turistas acabavam vindo para cá, como se fosse férias. Tenho que resguardar a população pirenopolina”, diz o prefeito.
Por isso, decidiu decretar situação de emergência. “É um nocaute na economia da nossa cidade. Não é fácil tomar uma decisão dessas, mas o maior valor é o da vida”, afirma.
Comércio
O fluxo de pessoas na cidade histórica caiu drasticamente. Mesmo fora de temporada, por ser próximo de Brasília e Goiânia, as pousadas e bares estavam sempre cheios nos fins de semana e feriados. Isso até a chegada do coronavírus. Agora, comerciantes relatam queda vertiginosa no número de consumidores e temem “quebradeira”.
O empresário Arnaldo Moreira diz que nem precisou do decreto do prefeito para fechar seu restaurante. Ele passou para menos de 40 refeições por dia, o que é insuficiente para manter o negócio de pé. Teve que fechar o estabelecimento. No entanto, o supermercado do qual também é proprietário continua em funcionamento. Ele afirma que, apesar da diminuição do fluxo de consumidores, o número de vendas aumentou.
“Os moradores estão fazendo estoque, com medo do que vai acontecer. Estão desesperados, mesmo com a gente dizendo que não há falta de estoque”, aponta o comerciante. “Eu vendia produtos para serem pagos somente no próximo mês. Tive que parar com a prática, pois o desemprego já começou e não sei como iria receber”, afirma.
O coordenador de pousada, Lucas Henrique, diz que houve 80% nos cancelamentos, mesmo o estabelecimento oferecendo linha de crédito para pelo menos 60 dias. Embora saiba que a tendência é de que as infecções aumentem nos próximos meses, espera que o período passe de forma rápida e que os clientes voltem. A pousada dispensou os funcionários e opera apenas com ele e outra pessoa in loco.
“Pirenópolis virou uma cidade fantasma. Só há moradores mesmo. Tememos que empresas pequenas, que tem pouco fluxo de caixa quebre se a quarentena durar por muito tempo”, lamenta.