Goiano sitiado no Peru com a namorada relata aflição
O goiano Pedro Sagenite Santos Rodrigues e a namorada Caroline Araújo Pinheiro, ambos com 26 anos,…
O goiano Pedro Sagenite Santos Rodrigues e a namorada Caroline Araújo Pinheiro, ambos com 26 anos, vivem dias de aflição na província peruana de Ancash, região oeste do Peru. Pedro e Caroline estão na cidade de Huaraz desde o dia 10 de março e pegariam voo para o Brasil no 15 de março, mas medidas restritivas tomadas pelo governo peruano – em função da pandemia de coronavírus – tornaram o retorno incerto.
O casal participou de trabalho voluntário no Peru. De acordo com as informações obtidas pelos dois, há em Ancash um caso confirmado de infectado pelo covid-19 (coronavírus).
Pedro, Caroline e outros cinco brasileiros que eles conheceram durante a estada no país vizinho aguardam resposta do serviço diplomático brasileiro. Eles gravaram um vídeo, que viralizou na web, em que pedem apoio para voltar para casa. Veja:
“Cada dia que passa fica mais complicado mantermo-nos aqui, porque o nosso dinheiro está acabando e não estamos recebendo respostas concretas da embaixada. Isso nos causa pânico e medo de como vai ser a nossa situação daqui uns dias no Peru”, ressalta Caroline.
Pânico
Caroline relata que, ao procurarem as autoridades locais e a embaixada brasileira, foram orientados a aguardar e respeitar as medidas que o governo peruano tomou para assegurar a segurança e combater a pandemia de coronavírus.
Entre as principais medidas tomadas pelo governo estão a proibição de circulação de pessoas que não tiverem licença prévia para se locomover entre 8h da manhã e 20h. Após às 20h, vale o toque de recolher.
Eles contam que somente o dono do hotel onde estão hospedado pode sair para fazer compras e mantimentos de que os brasileiros necessitam. Não há circulação de pessoas. Até o momento, Pedro e Caroline não conseguiram permissão para se dirigir à capital do país, Lima, buscar mais informações e solicitar abrigo à embaixada brasileira.
O que mais causa pânico ao casal é não haver resposta ao pedido de permissão para viajar a Lima de ônibus (a viagem dura cerca de 8 horas até a capital). Ambos destacam que se estivessem em Lima durante a repatriação de pessoas que estavam na capital na sexta-feira (20), poderiam estar agora em casa.
Os dois relatam que os voos agendados por eles foram cancelados e as fronteiras foram fechadas. Isso impossibilita o deslocamento para outra região do país ou para o Brasil.
Soluções
Caroline e Pedro pedem que a embaixada dê respostas rápidas e soluções para que eles possa sair de Huraz. Eles destacam que a ajuda financeira é o que eles mais necessitam no momento, porque ambos ficaram mais dias que o planejado princípio e que isso fez com que o dinheiro minguasse.
Eles pedem que o governo ajude a custear o retorno deles para o Brasil.
Rotinas
Um dos integrantes do grupo de sete brasileiros que se conheceram na região, Diego Barbosa Nantes conta que a rotina dos hóspedes tem sido difícil e estressante. Ele relata que, ao restringirem a circulação de pessoas, as autoridades locais impediram que ele saia para fazer compras, como ele fazia sete dias atrás.
Caso haja necessidade de compras, os hóspedes do hotel onde ele está devem fazer uma lista com tudo que precisam para o funcionário responsável e com permissão de circular dentro da capital. Essas compras são feitas a cada dois dias. Diego afirma que os hóspedes não confiam integralmente nos compradores intermediários e que os itens básicos já começaram a escassear na cidade.
Diego relata que o esforço geral é para viver o mínimo necessário, de modo a garantir todas as 27 pessoas do hotel consigam comer. Ele diz que os dias são ociosos, maçantes e cansativos.
“Comer, dormir, fazer comida em horários fixados para todos terem acesso ao fogão. E voltar ao quarto é basicamente em como estar em um sistema carcerário”, afirma.