Educadores em Goiás relatam perdas na pandemia e ansiedade por vacina
Para profissionais, a vacinação contra a Covid-19 é o único meio de resgatar a normalidade
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), anunciou, no início desta semana, que a vacinação de professores contra a Covid-19 vai começar em maio, o que deve possibilitar que as aulas presenciais na rede estadual sejam retomadas em agosto. Enquanto isso não acontece, os profissionais da Educação “comemoram” o Dia Mundial da Educação, nesta quarta-feira (28), com relatos de uma rotina de dificuldades e receios imposta pela pandemia.
Ao Mais Goiás, a professora e diretora da Escola Prof. Dalísia Elizabeth Martins Dolles, em Goiânia, Luciana Maria, se diz triste com a desvalorização da categoria e revela um cotidiano de trabalho dobrado dos professores que tiveram que passar para o regime remoto, em razão da pandemia.
“Posso te dizer que os professores estão trabalhando muito mais, porque eles não trabalham só naquele horário que trabalhavam no presencial. como eles estão no [regime] híbrido, eles ficam ligados o tempo inteiro. Tem professor que a gente sabe que fica até duas, três horas da manhã trabalhando”, afirma.
O professor e diretor do Colégio Estadual Pré-universitário, Pedro Soares, também não viu diminuição do trabalho na instituição. O diretor, cujo colégio perdeu um professor indígena para a Covid-19 no ano passado e teve vários casos positivos no corpo docente, destacou ainda a necessidade urgente da vacinação e defendeu a priorização das escolas. “Igreja não tem todos os dias. Festas, feiras não têm todos os dias. Agora, escola é todo dia, de segunda a sexta. É o nosso sonho, é o que a gente precisa, de vacina”, diz.
Para Sinpro, sociedade passou a entender melhor o papel do professor
Em entrevista ao Mais Goiás, o presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás, Railton Nascimento, afirma que sua posição o faz acompanhar de perto as dificuldades a que os professores da rede privada são submetidos, desde a desvalorização por parte dos empregadores até a necessidade que o professor teve de se readequar em tempo recorde ao regime remoto.
No entanto, Nascimento também diz ver um aumento da valorização e da compreensão do papel do professor por parte da sociedade. “A maioria dos pais entenderam e valorizaram o trabalho do professor, porque viram, em casa, o quanto é difícil acompanhar a tarefa do filho e viram o professor e a professora se desdobrando pra dar conta do trabalho remoto”, pontua.
Para o presidente do Sinpro, a vacina contra a Covid-19 é questão urgente para os profissionais da Educação, uma vez que, segundo ele, no atual cenário, “os professores estão na mão da sorte”. “Vigilância sanitária não dá conta de fiscalizar o que as escolas estão fazendo. Precisamos vacinar os professores, é a única segurança que a gente tem”, conclui.