Em 10 anos, número de fumantes em Goiânia cai 26,5%
Caiu em 26,5% a quantidade de dependentes de cigarro em Goiânia, segundo levantamento da Vigilância…
Caiu em 26,5% a quantidade de dependentes de cigarro em Goiânia, segundo levantamento da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). A pesquisa, que tem como recorte temporal o período de 2006 a 2016, também aponta recuo de 35% no número de fumantes em todo o país. Apesar da queda, Goiânia ainda figura entre as cidades com maior percentual de tabagistas, 10,3%, taxa que a coloca na 20ª posição no ranking de prevalência de uso de cigarros entre as 27 capitais do Brasil. Antes, em 2006, a cidade ocupava o 7º lugar, mas o percentual de fumantes era maior: 14%.
Agora, no estudo mais recente da Vigitel, apenas Distrito Federal (10,7%), Belo Horizonte (10,9%), Rio de Janeiro (11,2%), Campo Grande (11,6%), São Paulo (13,2%), Porto Alegre (13,6%) e Curitiba (14%) têm índices de fumantes acima do registrado na Capital de Goiás. As menores taxas do país foram encontradas em Salvador (5,1%), Aracaju e São Luis (5,4%) e Manaus (5,6%). O desempenho do município goiano, no entanto, melhora na estratificação por sexo. Na população feminina a redução no número dependentes do cigarro chegou a 43% entre 2006 e 2016. Apesar disso, esse público, que antes ocupava a 16ª classificação, alcançou a 17ª posição no ranking das capitais com maior quantitativo de tabagistas do sexo feminino.
Por outro lado, os homens de Goiânia figuram no 22º lugar entre a população masculina que mais fuma nas capitais do País. Em 2006, eles ocupavam a segunda posição dessa mesma lista. Mesmo com a piora no desempenho do ranking nacional, em Goiânia a quantidade de homens que fumam caiu 12% na última década. Em 2006, 16% deles fumavam. Em 2016, 14%. Em relação às mulheres, que mais puxaram para baixo o número de tabagistas na cidade, o índice de fumantes do sexo feminino recuou de 12% para 7%. No Brasil de 2016 a maior frequência de fumantes adulto foi observada em Porto Alegre e Rio Branco (21%). A mais baixa, em Salvador (9,5). Já no ano passado, o intervalo entre o maior e o menor percentual de usuários ficou, respectivamente, entre 14% (Curitiba) e 5,1% (Salvador).
No conjunto das 27 capitais pesquisadas, 10,2% dos adultos são fumantes. Desses 12,7% são homens e 8% mulheres. As atuais taxas de Goiânia estão acima da média nacional em relação aos homens (14%) e abaixo dela quando se considera a participação das mulheres (7%). No total da população, a maior frequência de tabagistas é entre adultos com idades entre 45 e 64 anos. A menor, entre 18 e 24. A pesquisa Vigitel 2016 também aponta que o hábito de fumar diminui à medida em que aumenta a escolaridade dos cidadãos. Em termos comparativos, entre pessoas com até oito anos de escolaridade o percentual de fumantes é de 17,5% no caso dos homens e 11,5% perante as mulheres. Quando têm mais de 12 anos de estudo, os números caem para, respectivamente, 9,1% e 4,1%.
Levantamento
A pesquisa foi divulgada pelo Ministério da Saúde na tarde desta terça-feira, 29, em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo. Antes visto como um estilo de vida, o uso de cigarros é reconhecido mundialmente como dependência química e problema de saúde pública pela exposição dos indivíduos a substâncias tóxicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo uma pandemia que provoca a morte de cinco milhões de pessoas todos os anos.
Em 2013, a morte por fumo passivo foi a terceira causa de morte evitável no mundo. O tabagismo é o segundo fator de risco causador de mortes prematuras e incapacidades. Apenas no Brasil, 428 pessoas morrem por dia em decorrência do uso direto e indireto de cigarros. O número representa 12,6% de todos os óbitos que ocorrem no país. Apenas em 2015, foram 156.216 mortes relacionadas ao cigarro. Produto que responde por 78% dos casos de câncer de pulmão. Dos outros 22% restantes, 1/3 desse tipo de tumor ocorre em fumantes passivos.
Além do câncer, o Ministério da Saúde (MS) atribui ao tabaco 34.999 mortes anuais por doenças cardíacas, 31.120 por problemas pulmonares, 26.651 outros cânceres, 17.972 em decorrência do fumo passivo, 10,9 mil por pneumonia e 10.812 Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ainda assim, de acordo com a OMS, um em cada quatro homens fumam diariamente. Entre as mulheres, a proporção é de uma a cada 20.
Uma carteira por dia
Cerca de 23% dos tabagistas que residem em Goiânia fumam mais de 20 cigarros, de acordo com frequência de consumo identificada pelo estudo da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O número corresponde a uma carteira. Em Goiás, o preço de cada maço varia entre R$ 5, valor mínimo estabelecido pela Medida Provisória n º 540/11, que elevou a incidência de impostos para esse tipo de produto; e R$ 10,25. Em 30 dias, o vício pode custar no mínimo R$ 150 e ultrapassar R$ 307,50, com base nas planilhas de custos de 148 marcas e subtipos disponibiliza pela Receita Federal. Isso representa, respectivamente, entre 16,1% e 32,8% do salário mínimo vigente, R$ 937.
O impacto financeiro do consumo de cigarros é um dos fatores motivam dependentes a procurar ajuda, segundo o coordenador-geral Centro Integrado de Assistência Médico-Sanitária (Ciams) Pedro Ludovico, Gleydson Melo. A unidade é uma das que ofertam o Programa de Combate ao Tabagismo, iniciativa da Prefeitura de Goiânia calcada em modelo cognitivo comportamental e apoio medicamentoso para reduzir a prevalência de fumantes e, por consequência, a mortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco. “Todos ganham com a redução no número de fumantes, a sociedade e a pessoa que deixa o vício. Ela ganha em qualidade de vida e ganha economicamente, já que deixa de gastar com o cigarro. Nós temos, por exemplo, caso de usuário que chega ao programa fumando duas carteiras de cigarro por dia”, conta Gleydson Melo. Em Goiânia, 4% dos homens e 1% das mulheres dependentes consomem mais de 20 cigarros todos os dias, respectivamente a 21ª e 13ª classificações na lista nacional deste perfil.
Historicamente, mais da metade dos pacientes inscritos no Programa consegue alcançar êxito e deixar o hábito de fumar. O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio das unidades básicas de saúde, oferece tratamento gratuito para as pessoas deixarem o vício. Apenas em 2016, o Ministério da Saúde investiu R$ 23,7 milhões na compra de adesivos, pastilhas, gomas de mascar e bupropiona. No país, foram atendidos 902,3 mil pacientes.
Bilhões
O aumento do preço do cigarro é considerado uma das medidas mais efetivas para controlar o consumo. A estimativa do Ministério da Saúde é que se o valor subisse 50%, em 10 anos poderia se evitar 136.482 mortes, 507.451 infartos agudos do miocárdio e eventos cardíacos, 100.365 acidentes vasculares cerebrais e 64.383 novos cânceres. Além disso, poderia reduzir em R$ 32,5 bilhões os custos em saúde, R$ 20 bilhões por perda de produtividade e aumentar a arredação tributária nacional em R$ 45,4 bilhões.
Além dos custo direto, estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indica que o Brasil gasta, em média, R$ 56,9 bilhões com despesas médicas e perda de produtividade devido ao tabagismo. Isso representa 1% do PIB brasileiro. Desse total, R$ 39,4 bilhões são destinados a diagnóstico e tratamento. Outros R$ 17,5 bilhões são utilizados em decorrência da redução da produtividade laboral e da morte prematura.
Apesar da Secretaria Municipal de Saúde oferecer tratamento gratuito contra esse tipo de vício, a quantidade de cidadãos de Goiânia que fumam mais de 20 cigarros por dia coloca a cidade na 18ª posição do ranking de maior consumo de cigarro/dia entre as 27 Capitais do Brasil. São Paulo está no topo desta lista, com 4,3% dos fumantes que usam mais de uma carteira de cigarro por dia, seguida por Porto Alegre e Recife (3,9%), Curitiba (3,8%), Rio de Janeiro (3,5) e Florianópolis (2,9%). A menor frequência dessa quantidade de cigarro por dia é a de Manaus, 0,3%.
Na média do país, 2,8% dos brasileiros fumantes consumem mais de 20 cigarros por dia. A maior parte deles é do sexo masculino, 4%, e tem idades entre 55 e 64 anos. Neste recorte também há impacto do nível de escolaridade. Entre os tabagistas com até oito anos de instrução, 4,3% fumam um maço por dia. Quando eles têm mais de 12 anos de estudo, essa prevalência recua para 1,3%.
Fumantes passivos
Em Goiânia 6,8% dos cidadãos são fumantes passivos em casa e 7,7% em ambiente de trabalho, segundo pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Em relação aos fumantes involuntários em domícilio, a cidade tem o 10º melhor desempenho entre as Capitais. A taxa mais favorável do país é a de Aracaju, com 5,1%; e a pior, a de Porto Alegre, 10,3%.
As mulheres de Goiânia são maioria entre os fumantes passivos no local onde moram, 7,4%. Os homens somam 3,6% nesse caso, as nonas menores taxas do Brasil em ambos os casos. No conjuntos da capitais, a média de fumantes involuntários em casa é de 7,3%, portanto, acima da identificada em Goiânia. A maioria deles tem entre 18 e 34 anos. No país, de acordo com a Vigitel, o número de fumantes passivos em ambiente familiar reduziu em mais de 42% entre 2009, quando o país tinha 12,7% de pessoas que conviviam com o cigarro, e 2016, ano em que essa quantidade chegou a 7,3%.
Já no que tange aos que são submetidos involuntariamente ao cigarro no local de trabalho, Goiânia figura no 19º lugar. Na Capital de Goiás, 11,2% dos homens e 4,6% das mulheres convivem com fumantes no local em que trabalham. Os percentuais são o 14º e o 20º maiores do Brasil. A cidade também está acima da média nacional nesse recorte, que é de 7%. A exemplo do que ocorre no país, em Goiânia a taxa é maior entre os homens do que as mulheres. A frequência de fumantes passivos no local de trabalho varia entre 4,9% em Vitória e 9,5% em Rio Branco.