HISTÓRICO

Em 2018, avião que levava Marília Mendonça foi apreendido por fazer “táxi pirata”

Na ocasião, o avião levou a cantora de Fortaleza, no Ceará, até Jundiaí, no interior de São Paulo, onde foi apreendido.

Um avião que levava a cantora Marília Mendonça, vítima fatal de um acidente aéreo na última sexta-feira (5), foi interceptado em 2018 após a constatação de que a aeronave não tinha permissão para fazer táxi aéreo. Na ocasião, o avião levou a cantora de Fortaleza, no Ceará, até Jundiaí, no interior de São Paulo, onde foi apreendido.

O caso ocorreu em maio de 2018. Conforme a empresa Voa-SP, administradora do Aeroporto de Jundiaí, o avião com matrícula PR-STJ foi recolhido, assim que pousou, por agentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para o hangar, por apresentar “irregularidades na documentação”.

Segundo a Anac, a aeronave fazia “táxi aéreo pirata”, uma vez que sua documentação não permitia realizar esse tipo de operação, informando que o avião era de uso particular e não poderia cobrar pelo transporte de passageiros. No site da Anac, a matrícula do avião está com status de “Operação negada para táxi aéreo”.

A aeronave foi contratada, à época, pela produtora Workshow Produções Artísticas, a mesma produtora das cantoras Maiara e Maraisa, que tiveram a aeronave interditada pelo mesmo motivo no mesmo mês de maio de 2018. Após a apreensão do avião na época, os cinco passageiros – incluindo Marília Mendonça – foram liberados e os pilotos foram levados para prestar depoimento. Piloto e co-piloto tiveram suas habilitações suspensas e a aeronave ficou detida.

Marília Mendonça e outras quatro pessoas morreram após queda de avião

Marília Mendonça saiu do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, na tarde de sexta-feira (5), com destino a Minas Gerais. Após o pouso, Marília partiria por terra para Caratinga, onde faria um show marcado no Parque de Exposições da cidade.

A cantora viajava em um avião modelo Beech Aircraft. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião era da PEC Táxi Aéreo, com prefixo PT-ONJ, e tinha capacidade para seis passageiros, além de estar em situação regular e ter autorização para circulação de táxi aéreo.

Ainda não há informações sólidas sobre como o acidente aconteceu. Porém, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou que “o avião bimotor que transportava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas atingiu um cabo de uma torre de distribuição da Companhia no município de Caratinga”.

O velório da cantora e de seu tio, Abicieli Silveira, que também estava no avião, terá início às 13h deste sábado (6), no Goiânia Arena.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos vai investigar acidente que matou Marília Mendonça (Foto: Reprodução)

Ministério Público apurou irregularidades em avião que matou Marília Mendonça

A PEC Táxi Aéreo, empresa dona da aeronave que caiu com Marília Mendonça e equipe, tinha denúncias no Ministério Público Federal (MPF)sobre irregularidades que colocariam em risco tripulantes e passageiros. A notícia fato – de junho deste ano – apontou que mesmo diante das denúncias à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a “empresa nunca passou por auditoria a fim de serem averiguadas as irregularidades”.

O documento aponta que era recorrente que a empresa colocasse pilotos com jornada de voo estourada para voar, lançando mão do código da Anac de outro piloto com hora voo liberada. “Fato presenciado em diversos voos tanto executivos quanto aeromédico na empresa”, diz a notícia de fato do MPF.

Os casos envolvendo questões trabalhistas em aviões de táxi aéreo foram direcionados ao Ministério Público do Trabalho.