Meio Ambiente

Em dois meses, quatro animais silvestres morrem atropelados em rodovia que corta a Chapada dos Veadeiros, em Goiás

Polícia Rodoviária Estadual alerta que trânsito de animais é constante nas rotas que cortam o Parque, então é preciso obedecer as sinalizações e reduzir a velocidade

Apesar do esforço de ambientalistas e da população na preservação da fauna e flora, animais silvestres têm morrido nas rodovias que cortam o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no Norte do Estado. De acordo com Fernando Tatagiba, analista ambiental e chefe da unidade de conservação, só neste ano,  quatro animais – uma onça-parda, um tamanduá-bandeira e dois lobos-guará – morreram atropelados na GO-118, rodovia que liga o Distrito Federal ao parque.

A última morte aconteceu na noite de quarta-feira (21), quando um lobo-guará fêmea foi atropelado no quilômetro 140, da GO-118.  Segundo Fernando, um amigo que passava pela rodovia viu a animal morto no acostamento e entrou em contato. Como o tempo estava frio e chuvoso, o corpo foi encontrado em bom estado e encaminhado para o Laboratório de Anatomia de Animais Silvestres, na Universidade de Brasília (UNB), para análises.

O diretor do Parque lamenta os números. “Nosso trabalho na gestão do Parque é proteger a vida na Chapada dos Veadeiros, buscando uma relação mais harmônica entre a sociedade humana e as demais espécies. Então é triste e frustrante ver animais tão belos sendo mortos por carências de gestão das rodovias e imprudência dos motoristas. Essas mortes poderiam ser evitadas”, afirma.

Sinalização

Em 2016, uma onça-pintada foi atropelada próximo à cerca do Parque Nacional, quando atravessava a rodovia GO-239. Depois do acidente, a população, a Associação Amigos das Florestas e a direção do Parque pediram, e alguns redutores de velocidade e placas foram instalados para alertar sobre a travessia de animais no local.

A especialista em atropelamento da fauna, Fernanda Abra, esteve no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e realizou um estudo detalhado na GO-239 e encaminhou um relatório para a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) com medidas para reduzir o número de mortalidade da fauna nas rodovias.

Segundo Fernando Tatagiba, na GO-118, onde foram atropelados quatro animais silvestres neste ano, não há sinalização ou qualquer outra medida de prevenção. O Mais Goiás entrou em contato com a Agetop, mas até a publicação desta matéria não tivemos respostas sobre a falta de sinalização no local.

O Tenente Coronel da Polícia Rodoviária Estadual da área da Chapada dos Veadeiros, Reginaldo Felisbino, disse ao Mais Goiás que não há dados precisos de animais atropelados em rodovias porque dificilmente as pessoas  registram esse tipo de ocorrência. “Geralmente eles atropelam os animais e evadem do local, dificultando assim uma estatística”, afirma.

O Tenente Coronel também reforçou que os números só podem cair com a conscientização dos motoristas. “Todos os condutores que forem passar ente Alto Paraíso e São Jorge devem ficar atentos pois são rotas que cortam o Parque, então o trânsito de animais é constante. Obedecer as sinalizações e reduzir a velocidade podem contribuir para que esse tipo de acidente aconteça com tanta frequência”, conta.

 

 

(Foto: Reprodução/ Fernanda Abra)