LAMENTÁVEL

“Em duas décadas, nunca tivemos uma situação tão grave”, diz diretor da Maternidade Nascer Cidadão

Crise diante da falta de pagamento pela prefeitura de Goiânia pode afetar serviços

Maternidade Nascer Cidadão (Foto: Divulgação)

O diretor-técnico da Maternidade Nascer Cidadão (MNC), Rogério Cândido Rocha desabafou durante entrevista coletiva que expôs a crise na Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc/UFG) decorrente dos atrasos dos repasses realizados pela prefeitura de Goiânia. O saldo devedor que o Poder Municipal tem com a entidade pode provocar a restrição de serviços. 

“É uma tarde triste para a Fundahc pois depois de mais de duas décadas de serviço dessas maternidades exemplares para a prestação destes serviços termos de fazer um anúncio desses. Nunca tivemos numa situação tão crítica e grave quanto estamos neste tempo”, lamentou diante dos jornalistas presentes.

Houve um repasse de R$ 5 milhões realizado pela Secretaria de Saúde de Goiânia, que não cobriu nem de longe os custos operacionais. “O custo para o funcionamento das maternidades é de quase R$ 20,3 milhões e nós não tivemos repasse financeiro nos últimos dois meses”, afirma o diretor-técnico da Maternidade Nascer Cidadão (MNC), Rogério Cândido Rocha. 

O diretor-técnico ainda aponta que, devido à falta de pagamento, os prestadores de serviços enviam comunicados de que deixarão de prestar serviços como laboratórios, de alimentação, lavanderia, de materiais instrumentais e de roupa. Além disso, há falta de insumos no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara e no Hospital e Maternidade Dona Íris.

A dívida que a Prefeitura de Goiânia tem com as maternidades administradas pela Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc/UFG) chega a R$ R$ 43,3 milhões. Faltam repasses do convênio para os serviços prestados entre julho e agosto de 2023, que somam R$ 40,5 milhões. O mês de maio que deveria ser quitado em junho também está atrasado e soma R$ 2,7 milhões.

A Fundahc é a responsável pela gestão das maternidades públicas municipais Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara, Hospital e Maternidade Dona Íris e Maternidade Nascer Cidadão por meio de um convênio com a Secretaria Municipal de Saúde.

O custo mensal para funcionamento das maternidades públicas municipais, seguindo os planos de trabalho vigentes, é de R$ 6,9 milhões para o Hospital e Maternidade Dona Íris; de R$ 10,3 milhões para o Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara; e de R$ 2,9 milhões para a Maternidade Nascer Cidadão, totalizando R$ 20,2 milhões.

Mensalmente, as três maternidades fazem mil partos, 17 mil exames laboratoriais, 3,4 mil consultas médicas, 150 cirurgias eletivas e 5,8 mil atendimentos de emergência e de urgência.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde diz que neste ano já repassou R$ 138 milhões para a Fundação, e ressalta que todos os valores são oriundos do tesouro municipal. A SMS disse que não recebe recursos suficientes do Ministério da Saúde para custeio dessas unidades.

“A SMS informa que trabalha permanentemente para oferecer serviço de qualidade nas maternidades, e está em diálogo negociando os débitos contratuais para que não ocorra interrupção de nenhum atendimento”, diz a nota.