DESIGUAL

Em Goiânia, 23 mil famílias negras no Cadastro Único têm renda per capita de R$ 89

O levantamento utilizou dados de março de 2021 do CadÚnico para apontar características das famílias negras inscritas

Um levantamento da Prefeitura de Goiânia em parceria com o Instituto Mauro Borges revelou que 23.414 famílias negras de Goiânia, inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), têm renda per capita – isto é, “renda por cabeça” – de apenas R$ 89. O estudo indicou ainda que 71,8% dos inscritos no cadastro fazem parte da população negra.

O levantamento utilizou como base os dados de março de 2021 do CadÚnico, ferramenta que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, permitindo conhecer melhor a realidade socioeconômica dessa população. O objetivo, conforme a prefeitura, “é nortear o desenvolvimento de ações de governo e políticas públicas que alterem o quadro atual e subsidiar a elaboração do Plano Municipal de Igualdade Racial”.

De acordo com o documento, 23.414 famílias têm renda per capita de R$ 89; 13.221 de R$ 89 a R$ 178; 25.789 têm de R$ 178 a meio salário e 23.655 têm renda per capita acima de meio salário.

Ao Mais Goiás, a titular da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA), Cristina Lopes, disse que o levantamento servirá para mapear essas famílias em situação de vulnerabilidade e alcançá-las com programas de inclusão através da capacitação profissional, esporte e cultura. “A saída, a “janelinha” que essas pessoas têm é a qualificação e empregabilidade ou através do esporte e da cultura. Não temos outra saída”.

“Isso precisa ser fomentado da base. Precisamos de políticas públicas sérias e ações direcionadas”, concluiu.

Baixa escolaridade da população negra em Goiânia

A pesquisa também apontou também que, da população negra de Goiânia presente no cadastro, 54% não concluiu o ensino fundamental.

Segundo o documento, se somados o número do grupo sem instrução (19%) e o grupo com fundamental incompleto (35%), 54% não possui nem mesmo o ensino fundamental, isto é, não
teve acesso a conhecimentos básicos para a inserção no mercado de trabalho. O mapa apontou ainda que, da população negra presente no CadÚnico em Goiânia, 64,7% trabalha por conta própria e apenas 23,7% tem carteira assinada.