Em Goiânia, 350 mulheres marcham em apoio a Mari Ferrer
Manifestantes se concentraram na Praça Cívica às 9h e seguiram para a entrada do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), no Setor Oeste, com gritos de ordem e cartazes
Cerca de 350 mulheres e homens marcham em Goiânia, na manhã deste domingo (8), num ato em defesa da digital influencer Mari Ferrer e por Justiça às mulheres violentadas e, conforme a pauta do ato, silenciadas por seus agressores e até pelo próprio Poder Judiciário. Manifestantes se concentraram na Praça Cívica às 9h e seguiram para a entrada do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), no Setor Oeste, com gritos de ordem e cartazes.
Ao Mais Goiás, Kelly Oliveira, uma das organizadoras do protesto, revelou que o ato vinha sendo organizado há cerca de uma semana, sobretudo pelas redes sociais. De acordo com ela, a iniciativa teve origem na indignação gerada pelo modo com que Mari Ferrer foi tratada no julgamento pelo caso de estupro, supostamente cometido pelo empresário André de Camargo Aranha.
“Nós consideramos que o que aconteceu no julgamento da Mari Ferrer foi um “cala a boca” velado. A maneira com a qual ela foi julgada, independente se ela é certa, se ela é errada […]. Ela foi culpada por algo que ela é uma vítima, isso fez com que nós despertássemos pra uma realidade cotidiana”, diz Kelly.
A manifestante afirma que mulheres são sempre expostas ao constrangimento ou à culpabilidade por vários fatores nascidos do machismo e da misoginia. Para Kelly, o julgamento de Mari Ferrer é um recado do Judiciário que diz “qualquer coisa” é motivo para que uma mulher seja violada.
“Se nós somos estupradas é por conta da nossa roupa, nosso comportamento, se bebemos ou não. Isso, pra gente, é como se eles estivessem deixando claro pra nós que qualquer coisa que a gente faça é motivo para o homem violar o nosso corpo”, avalia.
O ato das mulheres, e também de homens solidários à causa, teve a participação de movimentos como o Bloco Não é Não; Coletivo Mulheres Goianas; Movimento de Mulheres Olga Benario; Instituto Padma; Associação Mulheres na Comunicação; União Estadual dos Estudantes e Coletivo ParaTodos GO. Os cerca de 350 manifestantes, segundo a organização do evento, se concentraram na Praça Cívica, em Goiânia, e seguiram para o TJ-GO. As mulheres vestiram preto e máscara, e portavam vários cartazes com mensagens contra o estupro e a violência contra as mulheres.
O caso Mari Ferrer
No julgamento, realizado em 8 setembro passado, André de Camargo Aranha foi inocentado pelo juiz Rudson Marques da acusação de estupro de vulnerável contra Mariana Ferrer por falta de provas. A absolvição foi baseada na argumentação do Ministério Público de que não teria como provar o dolo das atitudes do empresário.
O caso ganhou repercussão na última terça-feira (3), ainda mais após trechos da audiência serem divulgados pelo The Intercept Brasil. As cenas mostram o advogado de Aranha, Cláudio Gastão da Rosa Filho, humilhando Mari e mostrando fotos sensuais da influenciadora. O advogado chega a classificar como “ginecológicas” as fotos.
Com as filmagens, a OAB, o CNJ e até o ministro Gilmar Mendes se manifestaram contra o comportamento do advogado. “As cenas da audiência de Mariana Ferrer são estarrecedoras. O sistema de Justiça deve ser instrumento de acolhimento, jamais de tortura e humilhação. Os órgãos de correição devem apurar a responsabilidade dos agentes envolvidos, inclusive daqueles que se omitiram”, disse o membro do Supremo Tribunal Federal (STF).
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