Em Goiânia, estudantes manifestam contra assédio nas escolas
Ato é decorrente das inúmeras denúncias de alunas que sofreram machismo por parte de docentes em instituições de ensino de Goiânia
Cerca de 50 alunas se reuniram na tarde desta segunda-feira (25) no Parque Vaca Brava, no Setor Bueno, para manifestação contra assédios em escolas e colégios de Goiânia. O ato é decorrente de denúncias que vieram à tona quando o Colégio WR publicou uma mensagem de homenagem ao dia da mulher. À ocasião, alunas e ex-alunas comentaram a postagem em uma rede social com denúncias casos de assédios moral e sexual por parte de professores e diretores contra as estudantes. Depois de tomar proporção na imprensa regional, o colégio apagou a mensagem.
“A partir dos relatos na página do colégio, outras meninas de diversas instituições começaram a ter coragem de denunciar casos também”, explica Ana Clara Munis, ex-aluna de um das escolas. “Queremos mostrar, com o ato, que não há horizontalidade na relação entre professores e alunos. Há professores que usam mecanismos, como notas por exemplo, para ameaçar e assediar meninas, que muitas vezes nem sabem que aquilo ali é assédio”, completa Isabella Fortaleza, participante da manifestação.
As denúncias chegaram à Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO). Contudo, o órgão ainda não formalizou representação cível e criminal, pois as vítimas não informaram nomes dos colégios e de possíveis envolvidos, conforme o Mais Goiás já noticiou. “Até agora ninguém prestou depoimento oficialmente”, informou o órgão.
Sobre as situações vividas pelas estudantes, e que motivam o protesto, são as mais diversas. “Temos casos de um professor que pediu para menina apagar o quadro enquanto olhava suas partes íntimas”, conta uma aluna do Colégio Protágoras, e organizadora do ato, que prefere não se identificar pois tem medo de represálias. “Também há professores que mandaram mensagens inapropriadas para alunas sem o consentimentos delas. Fora piadas machistas, racistas e até homofóbicas que rolam sempre em sala de aula”, completa.
No último dia 13 ocorreu um ato na porta do Colégio Protágoras. As alunas carregavam cartazes pedindo o fim do machismo e homofobia nas instituições. As mobilizações já geraram respostas positivas, segundo a estudante. “Já conseguimos perceber a diferença nas atitudes de professores em sala. Estão mais sérios, e o Protágoras, por exemplo, fez uma palestra sobre violência contra a mulher com a presidente do Conselho de Segurança da Mulher de Goiás”, diz. “Foi uma palestra para alunos e pais e outra para professores. Foi uma atitude legal da parte deles”, finaliza.
Em nota, o WR afirma que lamenta profundamente “o mal-entendido ocorrido nas redes sociais” e diz que respeita a liberdade de expressão. A instituição comunica, ainda, que está aberta aos pais e ex-alunos para maiores explicações. “Comunicamos que todos os esclarecimentos, a respeito dessa questão foram dados aos seus alunos no momento que antecede nossa oração que é realizada diariamente, há mais de 25 anos“, diz o texto.
Já o Colégio Protágoras afirma que repudia e discorda de qualquer atitude e/ou conduta irregular por parte dos profissionais. E, também, que professores e alunos da instituição assinaram código de ética e conduta para se comprometer a não faltar com respeito ou invadir a privacidade dos estudantes.
Confira a nota do WR na íntegra:
O Colégio WR conquistou a credibilidade do público goiano por meio de um trabalho sério, honesto e transparente, pautado em valores familiares e éticos. Dessa forma, lamenta profundamente o mal-entendido ocorrido nas redes sociais, mas respeita a liberdade de expressão.
Comunicamos que todos os esclarecimentos, a respeito dessa questão foram dados aos seus alunos no momento que antecede nossa oração que é realizada diariamente, há mais de 25 anos.
Como sempre, estamos de portas abertas a todos os pais e ex-alunos integrantes da Família WR para maiores explicações que entendam ser necessárias.
Confira a nota completa do Protágoras:
Professores e Funcionários das diversas escolas de Goiânia foram citados via internet por várias alunas e ex-alunas de conduta irregular e até mesmo assédio.
Repudiamos e discordamos de qualquer atitude e/ou conduta irregular dos nossos profissionais. Nossos professores e funcionários assinaram um código de ética e conduta, no qual se comprometeram dentre outras coisas a não faltar com o respeito ou invadir a privacidade de nossos alunos.
Nos vinte anos de existência nunca tivemos uma situação qualquer que não fosse apurada e punida de acordo com o que nos é permitido em lei.
A grande maioria dos fatos segundo relatos ocorrem via internet através das mídias sociais, normalmente não chegando ao nosso conhecimento e quando chegam, imediatamente tomamos as devidas atitudes.
Estamos empenhados para apurar todos esses fatos de maneira individual para que possamos tomar as decisões corretas e justas, pois seríamos levianos e passíveis de acusação de difamação e injúria se não tivermos as devidas provas.
Nos colocamos a inteira disposição de nossos alunos(as) e ex alunos(as) para que procurem individualmente nossa direção ou coordenação para que os fatos sejam apurados de forma correta e os culpados punidos.
Estamos organizando uma campanha de conscientização através de diversas palestras e orientações de profissionais qualificados no sentido de orientar professores, funcionários e alunos do que seja ou não assédio.
Respeito é primordial em nossa instituição.
Direção do Colégio Protágoras
*Larissa Lopes é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo