Segurança do trabalho

Em Goiás, 10% das mortes por acidente de trabalho são de trabalhadores da construção civil

Acidentes em obras podem ser evitados com uso de equipamentos de segurança e treinamentos realizados com a equipe, segundo especialista

Segundo dados da Previdência Social, cerca de 10% das mortes causadas por acidentes de trabalho em Goiás, são de trabalhadores da construção civil. Entre 2013 e 2015, o número de acidentes fatais em obras no Brasil passou de 62 mil para 41 mil, o que corresponde a uma queda de 34% dos óbitos.

De acordo com o professor de Segurança do Trabalho da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA), da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ulisses Ulhôa, quedas em altura, cortes e traumatismos são os principais acidentes em obras. Segundo ele, esses acidentes podem ser evitados com o uso de equipamentos de segurança e treinamentos realizados com a equipe.

“Os acidentes em obras ocorrem por falta da implantação e manutenção das Normas de Segurança obrigatórias nos canteiros de obras, principalmente falta de treinamentos eficientes para os gerentes e empregados. Além disso, a falta de uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s) e a falta da gerência da obra considerar a área de Segurança como prioritária contribuem para que esses acidentes ocorram”, explicou Ulisses.

O professor disse ainda que as normas de segurança do trabalho têm se tonado mais exigentes com o passar dos anos. “Nas empresas comprometidas com a segurança, a fiscalização é bem rigorosa, há bastante treinamento quanto ao uso dos equipamentos de segurança, bem como a distribuição desses equipamentos aos empregados”, explicou.

Exigências

Com as normas de segurança cada vez mais exigentes, as empresas têm se esforçado para diminuir as ocorrências de acidentes em suas obras. Segundo a supervisora de Segurança do Trabalho da EBM Desenvolvimento Imobiliário, Franscisca Francicleide da Silva, o maior desafio da empresa é conscientizar a equipe de utilizar os equipamentos de proteção obrigatórios. “Hoje os trabalhadores já são mais conscientes. Nós apresentamos os riscos e os acidentes que podem acontecer para que eles tenham uma preocupação maior em proteger a própria vida. Entretanto, existem alguns trabalhadores que resistem ao uso dos equipamentos. Quando isso acontece eles são desligados da equipe”, contou a profissional.

De acordo com o engenheiro de segurança do Grupo Toctao, Willy Chagas Santana, o investimento em segurança do trabalhou aumentou bastante nos últimos anos. “As empresas entenderam que esse investimento é importante, pois ele diminuiu mais de 50% do indicador de acidentes nos canteiros de obras”, contou. O engenheiro disse ainda que as empresas tem implantado um sistema de gestão com treinamento e capacitação especializada para os trabalhadores entenderem a importância da segurança do trabalho.

Trabalhadores estão mais conscientes quanto ao uso dos equipamentos de segurança. (Foto: Mais Goiás)

Dados

Entre 2013 e 2015, o número de acidentes de trabalho no País passou de quase 725 mil para 612 mil ocorrências, uma queda de 14%, segundo dados da Previdência Social. Goiás aparece em 7º lugar nacional em número absoluto de óbitos quando o assunto é acidente de trabalho: uma média 123 trabalhadores morrem no Estado todos os anos durante o exercício da profissão.

Em Goiás, 45% das mortes de acidente do trabalho são de pessoas que estão se deslocando de casa para o trabalho ou do trabalho para casa. Em segundo lugar estão os motoristas de carga, que representam 15% dos óbitos, seguidos pelos trabalhadores da construção civil, que somam outros 10% dos acidentes fatais. A Previdência Social ainda não divulgou dados quanto ao número de acidentes de trabalho em 2016.

*Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo