COVID-19

Em São Miguel do Passa Quatro, secretário e servidores “furam fila” da vacina

Servidores municipais de São Miguel do Passa Quatro, a 90 km de Goiânia, de fora…

Servidores municipais de São Miguel do Passa Quatro, a 90 km de Goiânia, de fora do grupo prioritário, como o secretário de Saúde, auxiliares administrativos e até recepcionistas, foram vacinados contra a covid-19 na primeira fase da imunização, cujas doses eram destinadas a profissionais de Saúde que atuam na linha de frente de combate ao coronavírus e idosos em asilos e abrigos. O nome dos servidores que teriam “furado a fila” da vacinação” consta em uma planilha disponibilizada pela própria prefeitura.

O município de São Miguel do Passa Quatro tem uma população estimada em pouco menos de 5 mil habitantes e recebeu 60 doses da vacina Coronavac em janeiro deste ano, tendo começado a imunização dos moradores no dia 19. O esquema de vacinação nesta fase, conforme relatório disponibilizado pela gestão municipal, foi até o dia 22 do mesmo mês. A planilha, no entanto, enquadra na categoria “Trabalhadores da Saúde” servidores que exercem outras funções.

No documento, consta que foram imunizados, além do secretário de Saúde, José Antônio Rodrigues, motoristas, recepcionistas, profissionais de limpeza, da cozinha e até vigilantes, todos incluídos como profissionais de Saúde.

Secretário se explica

O Mais Goiás entrou em contato com o secretário de Saúde de São Miguel do Passa Quatro, José Antônio Rodrigues, e questionou acerca dos servidores que foram imunizados. À reportagem, o titular da pasta municipal admitiu que não é profissional de Saúde mas que “atua na linha de frente” do combate à covid-19 por ter sua sala situada dentro do hospital.

Ainda segundo o secretário, o Plano Estadual de Imunização de Goiás especifica profissionais de Saúde que atuam na linha de frente “dentre outros” como sendo do grupo prioritário, o que segundo ele incluiria motoristas de ambulâncias e atendentes de farmácia, assim como ele próprio.

Rodrigues faz referência ao item 7 do Plano Estadual – “População rioritária para vacinação contra a Covid-19 segundo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19” – que diz que “Trabalhadores da área da saúde (incluindo profissionais da saúde, profissionais de apoio, cuidadores de idosos, entre outros);” podem ser imunizados dentro do grupo prioritário.

Todavia, em nota enviada ao Mais Goiás, a Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO) informou que a “orientação repassada aos municípios em relação à vacinação dos trabalhadores da saúde é baseada na Nota Informativa nº 3/2021, que define como o público-alvo”:

1. Equipes de vacinação que estiverem inicialmente envolvidas na vacinação;

2. Trabalhadores dos Hospitais de Campanha;

3. Trabalhadores dos hospitais públicos e privados que atendem pacientes suspeitos/confirmados de Covid-19 (com prioridade para os profissionais das áreas de UTI, emergência, unidades de internação de pacientes com Covid-19);

4. Trabalhadores do Serviço móvel de Urgência (Samu), Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) e Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (Siate);

5. Trabalhadores de consultórios/laboratórios envolvidos diretamente na atenção/referência para os casos suspeitos e confirmados de Covid-19.

Ainda de acordo com a nota, “municípios que não dispõem dos serviços anteriormente citados foram orientados a vacinar os trabalhadores da saúde que atendem pacientes com Covid-19”, o que excluiria servidores municipais sem atual profissional na área da Saúde na lida com a pacientes infectados pelo coronavírus.

“Como um dos entes tripartites do Sistema Único de Saúde (SUS), os municípios são os responsáveis pela aplicação das vacinas, devendo, no entanto, seguir sempre as orientações do Programa Nacional de Imunizações. Toda e qualquer irregularidade deverá ser apurada e o responsável terá que responder junto ao Ministério Público Estadual e também à Polícia Civil pela prática criminosa de tomar a vacina fora da sua faixa etária.

Por fim, a SES-GO informa que, para a atual fase da vacinação em Goiás, não há nenhuma prioridade que não seja pessoas inicialmente com idade acima de 90 anos, depois 85 acima e assim sucessivamente, até se chegar ao grupo dos indivíduos com 60 anos.”