EIXO ANHANGUERA

Empresa sabia que porta de ônibus estava estragada antes de passageira cair e morrer em Goiânia, diz PC

Vídeo mostra quando estudante cai após porta abrir, em Goiânia

Vídeo que mostra o momento exato em que uma passageira do Eixo Anhanguera, em Goiânia, cai do ônibus em movimento (Foto: Divulgação – PC)

A Polícia Civil afirmou em entrevista coletiva na quinta-feira (8) que a Metrobus sabia do defeito na porta de um ônibus do Eixo Anhanguera antes de a passageira Leidiane Teixeira, 28, cair do veículo e morrer, em Goiânia. No último dia 17 de agosto, a porta se abriu repentinamente, momento em que a estudante se desequilibrou, caiu e morreu.

A delegada Maíra Barcelos, responsável pelo caso, explicou que motoristas da Metrobus relataram à empresa sobre o defeito da porta antes do acidente. “Havia um desgaste na peça de travamento dessa porta que fazia com que uma simples pressão sobre ela a abrisse. Foi o que aconteceu no caso da Leidiane. Temos relatos de motoristas informando que esse problema na porta já havia sido relatado anteriormente”, afirma a investigadora.

O acidente aconteceu por volta de 13h30, do dia 17 de agosto, perto da Estação Palmito, no Jardim Novo Mundo. A mulher chegou a ser levada para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde ficou internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte. Um vídeo mostra quando estudante cai após porta abrir. (Veja abaixo).

A Metrobus disse ao G1 que ainda não foi informada sobre a conclusão do laudo pericial e que vai se pronunciar somente para as autoridades responsáveis após o recebimento oficial do documento. Além disso, afirmou que “vem colaborando com as investigações e que prestou todas as informações correspondentes à manutenção preventiva do ônibus”.

Segundo a delegada, a polícia recebeu uma extensa documentação da Metrobus e da Polícia Técnico-Científica, que realizou a perícia no veículo. Nessa documentação consta o relato dos dois motoristas que relataram o defeito na peça de rolamento da porta. Ambos os relatos foram realizados nos dias 26 de julho e 11 de agosto deste ano.

Além dos relatos, também foi enviado à Polícia Civil o relatório de manutenção do veículo, do período de janeiro até a data do acidente. A documentação será analisada com o objetivo de saber se foram realizadas manutenções após o relato do defeito e se, caso tenham sido feitas, se foram da forma adequada.

Vídeo mostra momento em que passageira cai de ônibus e morre, em Goiânia (Foto: Divulgação – PC)

A delegada responsável pelo caso também informou que o motorista que dirigia o ônibus durante o acidente de Leidiane não foi um dos que relataram o defeito na porta. A polícia não sabe informar se ele sabia do defeito.

“Se ficar comprovada que algum servidor tinha que ter feito essa manutenção e não o fez, ele também pode responder por homicídio culposo”, explicou.

Investigação continua

A polícia também afirma que alguns laudos ainda estão no Instituto de Criminalística e devem ser encaminhados à delegacia nos próximos dias. Entre eles, a avaliação da pista, a velocidade da pista e sobre a própria dinâmica do acidente, como o motivo pelo qual a estudante se desequilibrou.

Também deve ser enviado o laudo de vistoria do veículo para saber se alguma outra peça ou equipamento está estragada. Segundo a investigadora, ainda serão ouvidos a chefe de manutenção dos veículos; o motorista que conduzia o ônibus durante o acidente; os condutores que relataram as falhas e as testemunhas que presenciaram o fato.

Vídeo mostra momento em que passageira cai de ônibus e morre, em Goiânia (Foto: Divulgação – PC)

Recomendação do Ministério Público

Depois do acidente com Leidiane, o Ministério Público recomendou que os veículos com mais de cinco anos de uso sejam retirados da frota. Além disso, o órgão pediu que ônibus sucateados vindo de outras unidades da federal não sejam usados.

“A situação dos ônibus é precária, é muito difícil a forma que eles estão tratando a segurança dos usuários e dos próprios funcionários”, disse a promotora Leila Maria.

Na visão da promotora, o prazo de cinco anos de uso dos ônibus é uma média segura para circulação de veículos que prestam esse tipo de serviço. O MP apura ainda o uso de ônibus sucateados em trechos do Eixo Anhanguera que vêm de Brasília, são reformados e colocados em operação.