Empresário que comprou Porshe com dinheiro depositado indevidamente em sua conta é ouvido pela polícia
Ghuilerme Moreira afirmou que transferências que tentou realizar já haviam sido programadas anteriormente
A Polícia Civil aguarda a apresentação de documentos para decidir se indicia ou não, em dois crimes, o empresário Guilherme Moreira, que é suspeito de tentar ficar com quase R$ 19 milhões que foram transferidos para sua conta após um erro do Banco Safra. Em depoimento prestado durante mais de três horas nesta quarta-feira (15), o empresário, que chegou a comprar um veículo Porshe com o dinheiro depositado indevidamente pelo banco, disse que todas as transferências que tentou fazer já haviam sido programadas anteriormente.
Por um erro interno do Banco Safra, Guilherme Moreira teve transferidos para sua conta, em 27 de dezembro do ano passado, R$ 18.666.000,90. De acordo com a denúncia feita pelo banco à polícia, imediatamente após a transferência indevida, o empresário tentou transferir R$ 1.129.794,58 de forma fracionada para algumas contas, entre elas para a de sua empresa, mantida em outro banco, e até para a de seu pai.
As transferências foram bloqueadas, mas nesse tempo Guilherme Moreira, ainda de acordo com a denúncia, conseguiu comprar um veículo importado Porshe por R$ 280 mil. O carro foi apreendido pela polícia, e entregue ao banco no final do mês passado.
“Ele negou todas as acusações, disse que as transferências que tentou fazer já tinham sido programadas anteriormente, e garantiu que teria sim esse dinheiro na conta, já que estava aguardando pelo pagamento de uma parte do restaurante que teria vendido. Agora vamos aguardar que ele apresente documentos para provar o que afirma”, relatou o delegado Kléber Toleto, titular do 8º Distrito Policial.
O empresário também declarou que só não aceitou o acordo proposto pelo banco após a constatação do erro porque a instituição queria lhe cobrar juros abusivos. Se não conseguir provar com documentos o que relatou no depoimento, ainda segundo o delegado, Guilherme Moreira será indiciado por apropriação de coisa indevida por erro, e lavagem de capitais, crimes que tem pena prevista de até 10 anos de reclusão.
Na justiça
A defesa do empresário alega que o carro foi adquirido uma semana antes do erro do Banco Safra, inclusive com o pagamento de um sinal. Ela afirma também que o empresário foi à agência bancária e autorizou o estorno de todos os valores transferidos por engano.
Ainda de acordo com o advogado, o empresário se dispôs a fazer a restituição, com as devidas correções. Ela não se concretizou porque o Banco Safra tem exigido o pagamento de juros sobre a operação. A defesa informa ainda que Guilherme abriu um processo contra o banco, que “tem se utilizado do procedimento criminal para pressionar um acordo cível em termos que são considerados desfavoráveis ao empresário”.
Atualizada às 18h15 do dia 17/05/2019 para acréscimo da defesa do empresário.