"DESCUMPRIU A PALAVRA"

Empresários protestam na porta da prefeitura por retomada turística em Pirenópolis

Eles alegam que prefeito prometeu reabertura da cidade, mas voltou atrás. Comerciantes temem crise financeira

Cerca de 400 pessoas, entre elas, empresários, trabalhadores e donos de bares, restaurantes, pousadas e hotéis de Pirenópolis realizam, na manhã desta segunda-feira (15), manifestação para reivindicar a retomada do turismo na cidade. Eles criticam a posição do prefeito João do Léo (DEM) que, segundo os manifestantes, teria anunciado o retorno das atividades, mas voltado atrás na última semana. Medidas restritivas auxiliaram a cidade manter baixo número de infectados, com somente 5 casos confirmados do novo coronavírus até agora.

Patrícia Ribeiro é dona de uma distribuidora de bebidas, e, apesar de não ter fechado completamente o estabelecimento, afirma que as vendas diminuíram sem a presença dos turistas. “Abro só para pagar o aluguel, pagar água e energia. Não consigo ter nenhum lucro mais”. De acordo com ela, o prefeito “descumpriu a palavra” depois de anunciar que os hotéis, pousadas, bares e hostels poderiam reabrir as portas novamente.

A empresária afirma que a Prefeitura recomendou que os empresários fizessem um curso e comprassem equipamentos de proteção individual (EPIs) para uma retomada com segurança. Segundo Patrícia, a reabertura de bares e restaurantes seria autorizada a partir desta terça-feira (16). Hotéis, pousadas e hostels seriam permitidos a partir do dia 1º de julho. No entanto, na última semana, João do Léo teria voltado atrás e informado que não há data prevista para a retomada.

“Precisamos de uma resposta. A palavra do prefeito não vale de nada. Ele diz uma coisa, os empresários se preparam e ele informa que não vai abrir mais. Isso é um absurdo”, disse.

Conforme expõe a mulher, outras atividades comerciais já foram autorizadas na cidade. A entrada de parentes de 1º e 2º grau de moradores do município também está permitida, segundo ela. “Por que uns podem e outros não? Nossa economia precisa girar e o turismo é o principal responsável por isso”.

A reportagem tentou novo contato com o gestor e com a assessoria do município, mas as ligações não foram atendidas.

Prejuízos

Proprietário de uma pousada há dois anos, Carlos Lira está há cerca de 85 dias com o estabelecimento completamente fechado. Ele estima prejuízo mensal entre R$ 6 e 7 mil e teme pelo futuro do local e da cidade caso as atividades permaneçam suspensas.

“A atividade turística é essencial para nosso município. Ela é responsável por cerca de 70-89% da arrecadação. Três mil pessoas vão ficar desempregadas, a economia vai parar. Não queremos mortes, só queremos trabalhar seguindo as normas, assim como o prefeito havia anunciado anteriormente”, afirmou.

Segundo Carlos, os manifestantes pedem apenas o direito de trabalhar. Ele alega que o prefeito João do Léo não quis conversar com os manifestantes na porta da Prefeitura. Apesar disso, o gestor autorizou a entrada de cinco membros do protesto para uma reunião em seu gabinete. “Pedimos deixa entrar uma pessoa para gravar a conversa, mas ele não deixou. É uma reunião fechada e sem qualquer transparência”, criticou.

(Foto: reprodução)

Poucos casos e inexistência de UTI

As medidas restritivas em Pirenópolis auxiliaram o baixo quantitativo de infectados. Até o momento, somente cinco pessoas testaram positivo para a covid-19 no município. Em abril deste ano durante entrevista ao Mais Goiás, o prefeito João do Léo disse que o cuidado na cidade precisava ser redobrado, já que o local não possui leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Enquanto durar a pandemia continuaremos fechados para visitantes. No momento adequado, quando tudo estiver bem, a cidade vai voltar ao normal. Pedimos paciência e compreensão”, disse à época.