TRANSPORTE COLETIVO

Empresas de ônibus em Goiânia falam em “abandono do poder público”

Sindicato diz que "é impossível se falar em melhoria de frota com a crise vivida pelas empresas atualmente"

Em nota enviada ao Mais Goiás na tarde desta quinta-feira, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano e Passageiros da Região Metropolitana de Goiânia (SET) reclamou de “abandono do poder público” e declarou que a situação se agravou a ponto das concessionárias não terem “peças para manutenção dos veículos”. Trata-se de mais um capítulo da queda de braço que, no fim de semana passado, resultou em interrupção parcial do transporte coletivo na região metropolitana.

O SET afirma que “é impossível se falar em melhoria de frota com a crise vivida pelas empresas atualmente, quando elas lutam pela manutenção da operação”. “As concessionárias começam a não ter peças para manutenção dos veículos, e não conseguem fazer os pagamentos dos fornecedores. Este cenário vale também para o óleo diesel”.

O SET diz ainda que “continua na busca por uma solução para a crise instalada que, neste momento, a saída vislumbrada poderia ser o cumprimento, pelos municípios, do Plano Emergencial formulado pelo Estado de Goiás”. O plano citado já foi homologado parcialmente no processo judicial promovido pelo Ministério Público visando assegurar a manutenção da prestação do serviço de transporte público.

“O poder público é o único que pode trazer essa solução, não para as concessionárias – que ofertam o que foi definido no contrato de concessão-, mas para a população”, afirmou o presidente do SET, Adriano Oliveira.

“Manobra”

A paralisação da semana passada foi convocada por motoristas de ônibus por meio de áudios que circularam nas redes sociais. Na ocasião, o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano (Sindicoletivo) negou qualquer participação na paralisação e atribuiu o fato a uma manobra do SET “para pressionar o poder público em todos os âmbitos para a transferência de recursos econômicos públicos para as empresas privadas”.

Um inquérito civil chegou a ser aberto pelo Ministério Público do Trabalho de Goiás (MPT-GO) contra o SET para apurar a suposta prática de lockout, que é quando uma empresa impede que os seus empregados, total ou parcialmente, entrem nos recintos para trabalhar.

Em nota, o SET havia afirmado que via a ação do MPT-GO “com muita tranquilidade” e que a apuração dos fatos “vai encaminhar para um desfecho justo, o arquivamento do procedimento administrativo”. Agora, em mais um episódio do dilema que envolve o transporte coletivo, o sindicato das empresas declarou ter sido abandonada pelo Poder Público, o que fez com que o serviço “chegasse em seu pior momento”.

O que diz a CMTC

Procurada pela reportagem, a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) reiterou que realizou reuniões com representantes da Prefeitura de Goiânia e das empresas que operam o transporte público coletivo em Goiânia e região metropolitana, “visando solução à crise instalada no serviço”.

Nesses encontros, conforme a CMTC, foi levantada a proposta da prefeitura de repassar aproximadamente R$ 1,8 milhão às empresas sendo o aporte financeiro valendo a partir deste mês de dezembro, e para os meses seguintes (janeiro a junho) a próxima administração faria o repasse de uma parcela do déficit operacional mensal das empresas, déficit esse que tem valores variados. No entanto, não se chegou a um consenso.

“A nova administração aceitou fazer o repasse mas não houve acordo por parte das empresas, que entendem que a atual gestão deve também assumir o custo do déficit acumulado desde abril de 2020. Ao final da reunião de hoje (20) ficou acertado que as empresas buscariam meios para que o serviço de transporte volte a operar amanhã sem prejuízo ao usuário, e uma nova rodada de negociações será iniciada com a nova gestão municipal de Goiânia e demais municípios a partir de 1º de janeiro de 2021”, finalizou o órgão.