Encceja: Exame oferece certificado escolar e contribui para ressocialização de presos em Goiás
No Estado, 1.245 presos realizaram as provas neste ano
1.245 presos em Goiás realizaram nos dias 13 e 14 de outubro as avaliações do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para Pessoas Privadas de Liberdade (Encceja Nacional PPL). Segundo a professora e responsável pedagógica na avaliação, Eliane de Freitas Silva a prova “é uma forma para que eles se sintam iguais a quem está em liberdade”. Com a avaliação, os participantes que não finalizaram os estudos têm a possibilidade de conquistarem a certificação do ensino fundamental ou médio.
“A maioria dos detentos entende que é uma possibilidade de crescimento fora do presídio e de terem mais oportunidades aqui fora quando estiverem em liberdade”, afirma.
“Tentamos colocar para eles, que é uma oportunidade deles mudarem a partir do próprio esforço. É uma forma de se sentirem iguais a quem está aqui fora. Isso acontece porque eles passam a ter as mesmas oportunidades de qualquer outra pessoa que esteja fora. E acaba que eles valorizam mais a educação e a escola”, completou.
Exame de conclusão é visto como “mudança de vida”, diz professora
Segundo a professora, uma pequena parcela dos presos vê ainda como um benefício para redução da pena, mas outros já acreditam que seja a maneira de ter um futuro melhor.
“Quando eles saem passam a ter uma possibilidade maior ao adquirir o certificado de conclusão do ensino médio ou do ensino fundamental. Para eles e para nós, esse momento de pandemia foi um pouco mais complicado, porque a gente não teve aquele contato presencial para incentivar. Mas, tentamos colocar para eles que é uma forma e oportunidade deles mudarem a partir do próprio esforço”, disse.
A professora relata, que em sua experiência na unidade prisional muitas histórias foram positivas. “Teve dois dos que ganharam liberdade que me procuraram e eu orientei e encaminhei para a escola que possa oferecer a certificação. Um outro caso é de um reeducando que está preso há um tempo na unidade e quando teve o Encceja, há uns dois anos, ele foi aprovado e a participação dele foi além. Ele se inscreveu no Enem, mais ainda não deu certo de cursar a área pretendida, mas é um resultado positivo para nós”, conta Eliane de Freitas Silva.
Encceja: escolha para realização do exame pelos detentos é voluntária
De acordo com a Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), a escolha para a realização das provas pelos detentos é voluntária.
A 4ª Coordenação Regional Prisional (CRP) da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) foi a que teve maior número de presos inscritos para a realização do exame, um total de 334. Na 4ª CRP, presídios de doze municípios promoveram a aplicação das provas. Em seguida, a 1ª CRP ocupa o segundo lugar na quantidade de provas realizadas, 274. Os sete presídios da 3ª CRP nos quais houve exames somaram um total de 186 provas aplicadas. Na sequência ficaram a 7ª, 2ª, 5ª, 6ª e 8ª CRPs, com respectivamente 179, 111, 67, 53 e 41 provas realizadas.
A aplicação das provas foi dividida em dois dias para que, no primeiro, fossem realizadas as provas relacionadas ao ensino fundamental e, no segundo, os exames com conteúdos relativos ao ensino médio. Algumas unidades prisionais tiveram somente um dia de aplicação, de acordo com o nível de estudos dos detentos.
O que é o Encceja?
O Encceja é um programa do Governo Federal que existe desde 2002. Os exames são aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de educação.
As provas têm duração de quatro horas e nelas são avaliadas habilidades e competências de quatro áreas de conhecimento adequadas aos conteúdos do nível fundamental ou médio.
Com base nos resultados das provas, os inscritos podem receber o certificado de conclusão das fases escolares mencionadas. A avaliação também é uma ferramenta para apontar indicadores educacionais no Brasil.