Em depoimento prestado na última sexta-feira (19), o engenheiro civil Sidney Borges Rodrigues, responsável técnico pela obra da Rua 87, esquina com a Rua 124, no setor Sul, e Álvaro Faria de Aguiar, sócio-proprietário da J Aguiar Construtora, informaram que, antes do acidente, o empreiteiro contratado para realizar o serviço de perfuração dos tubulões, Adenilton Francisco dos Santos, recebeu uma ordem expressa para suspender as escavações até que as escoras do talude localizado na Rua 124 fossem reforçadas. No dia 10 de agosto, dois trabalhadores morreram soterrados após um deslizamento de terra no local.
Ainda segundo Sidney e Álvaro, a ordem para a paralisação foi dada a Adenilton pelo mestre de obras João Faria Neto e duas testemunhas presenciaram a conversa.
Sidney também informou que as escavações dos tubulões eram feitas de forma intercalada com taludes num ângulo de 45º, uma inclinação que não oferece risco de desmoronamento. No local onde ocorreu o acidente, os tubulões não poderiam ter sido escavados antes da estabilização do talude, que não estava nessa inclinação ideal. O material para o escoramento e estabilização do talude já havia sido adquirido pela clínica, mas ainda não tinha sido entregue na obra pela empresa fornecedora.
A ordem repassada a Adenilton foi de que os poceiros – profissionais especializados que haviam sido empreitados diretamente por ele para a realização do serviço – não escavassem os tubulões enquanto os materiais não chegassem e o escoramento não estivesse concluído. Só depois a escavação dos tubulões poderia ser retomada.
Em seu depoimento, Sidney também confirmou que a obra era acompanhada por um técnico de segurança do trabalho e que todos os trabalhadores, inclusive os terceirizados, recebiam os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Álvaro, por sua vez, declarou que a opção pelo tipo de fundação para a obra – com tubulões – é determinada pelas características do solo, o que é constatado através de laudo de sondagem e solicitações de carga de cada empreendimento.
Projeto
Um dia após o acidente, a Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação de Goiânia (Segplanh) divulgou nota informando que a obra é ilegal por não possuir projeto aprovado e alvará de construção concedido pela Prefeitura de Goiânia. A Clínica do Esporte, responsável pela obra, disse que todos os projetistas da obra são habilitados e fizeram Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) dos projetos junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO).