EM DEBATE

Entenda porque o horário de verão virou opção para lidar com a seca extrema

Medida foi extinta durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

A crise climática e a seca extrema que assolam o Brasil trazem de volta o debate sobre o retorno do horário de verão, medida abandonada em 2019. Com a intensificação dos problemas climáticos e a ameaça de racionamento de energia, o Governo Federal avalia a possibilidade de adiantar o relógio em uma hora durante alguns meses do ano, visando economizar energia e mitigar os impactos da seca.

Em vigor desde 1931, o horário de verão foi extinto durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob a justificativa de que mudanças nos hábitos de trabalho dos brasileiros teriam reduzido sua eficácia na economia de energia.

Entretanto, cinco anos depois, especialistas defendem que o horário de verão pode ser uma ferramenta importante para lidar com a crise climática. Ao aproveitar a luz solar no fim do dia, reduz-se a necessidade de iluminação artificial e, consequentemente, o consumo de energia.

Em tempos de seca extrema, quando a geração de energia hidrelétrica é comprometida, qualquer economia é crucial. Além disso, a medida pode impactar positivamente a gestão de recursos hídricos, diminuindo a dependência das hidrelétricas e preservando os reservatórios.

A seca e a crise energética já levaram ao acionamento da bandeira vermelha nas contas de luz, aumentando o valor das faturas. O horário de verão poderia ajudar a conter esses aumentos, reduzindo a demanda por energia nos horários de pico.

O que diz o Governo?

O Ministério de Minas e Energia afirma que a volta do horário de verão está sendo avaliada com responsabilidade, considerando diversos aspectos como geração de energia, índices pluviométricos e impactos econômicos. Ainda não há previsão de quando a medida poderia ser implementada.

Em 2022, o governo já havia considerado o retorno do horário de verão, mas o benefício energético era considerado pequeno. A seca sem precedentes que o Brasil enfrenta em 2024, a pior desde 1950, muda o cenário e aumenta os riscos de crise hídrica e energética, tornando o impacto do horário de verão potencialmente maior.

Além da economia de energia, o horário de verão também é defendido por comerciantes e profissionais do turismo, que apontam o aumento no movimento de clientes devido ao maior tempo de luz solar no fim do dia.