Enterro: Vigilância Sanitária pode punir funerária que aguardou ressureição de pastor em Goiatuba
Segundo órgão, corpo deveria ter sido enterrado em até 24h após a morte. Empresa aguardou três dias por promessa do religioso
A Vigilância Sanitária pode punir a funerária responsável pelo enterro de pastor que prometeu ressurreição em Goiatuba. Segundo o órgão, empresa não respeito prazo de 24h para realizar preparação do corpo para o sepultamento. Cadáver só foi enterrado três dias depois da morte, a pedido da família, que esperava por concretização de uma “revelação divina”. Funerária nega irregularidade.
A Vigilância afirma ter autuado a funerária após visita presencial na segunda-feira (25). Órgão agora deve esperar o prazo de 20 dias para que a empresa apresente sua defesa. Depois disso, caso deve ser avaliado por uma junta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Ressurreição: funerária nega que tenha sido autuada pela Vigilância Sanitária
O diretor executivo da Paz Universal Serviços Póstumos, Wanderley Rodrigues, porém, alega que a funerária não cometeu nenhuma irregularidade. “Ele ficou em um ambiente refrigerado, em baixa temperatura, no qual tinha total condição para que ele pudesse ficar durante esse período”, afirma.
O diretor ressaltou ainda que o “translado do corpo foi feito da cidade de Itumbiara para Goiatuba no sábado e chegou em ambiente refrigerado por volta das 17h do mesmo dia”. Segundo o administrador, “baixa temperatura deixou o corpo em total condição de aguardar” o período de três dias.
Segundo Wanderley, outro aspecto da espera é que “não houve um velório extenso”. “Foram duas horas, com apenas três pessoas. Não houve um velório como tem sido divulgado. Ele estava acondicionado em um local adequado para isso”, reforça.
Diretor nega que Vigilância Sanitária tenha autuado empresa
A Vigilância diz que autuou a funerária em visita presencial ao local na segunda-feira (25). Porém, a empresa garante que não recebeu nenhum documento ou representante e alega que não cometeu nenhuma irregularidade.
“Não há nenhuma legislação que determine um limite de tempo para que essa pessoa possa ficar guardada. Diante da falta de uma legislação específica, nós utilizamos a sensibilidade e o bom-senso que esse momento de fato requer. Nós acolhemos ele”, pontua Wanderley.
De acordo com o diretor, a empresa procurou o órgão municipal na segunda-feira (25), pela manhã.
“Um representante foi presencialmente com alguém da família na Vigilância Sanitária. Expediram uma notificação, porém, esta não contém nenhuma obrigação ou determinação para que se realizasse o sepultamento imediato. Apenas, um dispositivo legal a cerca do translado de corpos. Em momento nenhum trata de tempo de velório ou de tempo que a pessoa possa ficar em conservação”, destacou.
Corpo de pastor esperou três dias para ser enterrado
O pastor Huber Carlos Rodrigues morreu na última sexta-feira (22), vítima de complicações da Covid-19 em um hospital de Itumbiara, a 55 km de Goiatuba.
Em 2008, ele assinou um documento formalizando que teve divinas revelações do Espírito Santo e que passaria por um “mistério de Deus”, onde ressuscitaria às 23h30 – três dias após sua morte.
O desejo foi reforçado pela viúva do homem, a pastora Ana Rodrigues, e assim o corpo foi enterrado na madrugada de terça-feira (26), após o prazo de três dias terminar.
O sepultamento ocorreu por volta das 0h30, no cemitério Jardim das Acácias, debaixo de chuva. Após a repercussão, cerca de 2 mil pessoas acompanharam o desfecho do caso na porta da funerária onde o corpo do homem estava.