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Escalonamento não diminui aglomerações nos ônibus, segundo trabalhadores

Decreto da prefeitura de Goiânia estabelece horários para funcionamento de comércio. Intensão é reduzir volume de pessoas nos ônibus e paradas

Após a assinatura do decreto estadual que implementou o sistema de quarentena intermitente em Goiás, muitos municípios goianos tem procurado adequar-se ao modelo, como forma de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Um levantamento feito pela Associação Goiana de Municípios (AGM) mostra que 40 prefeituras aderiram ao decreto estadual na íntegra. Outras 14, no entanto, decidiram seguir as orientações de acordo com a realidade do município.

Em vigor desde a quarta-feira (20), o escalonamento obrigatório para abertura do comércio em Goiânia parece não ter mudado tanto a rotina dos trabalhadores. O regime adotado para abertura dos estabelecimentos, publicado em decreto, estabelece nove horários de funcionamento, com início entre as 6h e as 10h30.

O expedidor de uma papelaria, Giovani Sousa, de 17 anos, usa o transporte coletivo para trabalhar. Costumava sair de Trindade, onde reside, às 6h para conseguir chegar no Setor Bueno às 8h. Com a pandemia e o escalonamento o horário de entrada passou a ser às 9h30. Mas nada mudou. Continua saindo de casa no mesmo horário de antes.

“Tenho a sensação de que o número de ônibus diminuiu. Agora eles saem de uma em uma hora. Então se perco um, somente consigo pegar outro depois de uma hora. Não posso me arriscar e perder o horário”, diz.

A papelaria em que ele trabalha reduziu o número de funcionários para cinco vendedores, dois caixas e dois gerentes, além do expedidor. O restante dos trabalhadores está com o contrato suspenso

A vendedora L. (ela não quis se identificar) diz que o trânsito piorou após o escalonamento para o comércio. Ela vai até o trabalho, no Setor Nova Suíça, de moto, enquanto mora no Jardim Novo Mundo.

“Agora pego engarrafamento. Até o escalonamento, o trânsito estava mais tranquilo”, aponta. Ela trabalha em loja de higiene e beleza, que passou a abrir às 9h30.

Morador de Aparecida de Goiânia, o vendedor, Jeferson Machado, de uma livraria do Centro de Goiânia também relata não ter percebido alteração nenhuma após o escalonamento. Ele passa pelos terminais Veiga Jardim e Cruzeiro para chegar ao trabalho e diz que estão todos lotados.

“Não houve alteração nenhuma. Todo mundo precisa sair de casa no mesmo horário senão não chega a tempo. É o meu caso”, aponta.

Intenção

A intenção da prefeitura de Goiânia, porém, é que se diminua as aglomerações, sobretudo nos terminais de ônibus e no transporte coletivo. Para isso, o decreto determinou horário de abertura para diferentes estabelecimentos.

Às 6h, por exemplo, abrem os postos de combustíveis, supermercados, padarias e drogarias. Enquanto isso, consultórios médicos e escritórios de profissionais liberais podem funcionar a partir das 10h30.

O decreto, no entanto, não permitiu o funcionamento de estabelecimentos capazes de gerar aglomerações, como shopping centers, lojas da região da Rua 44 ou academias de ginástica. Restaurantes, bares e estabelecimentos similares funcionam somente através de delivery ou take-away (pedir e pegar no local).

Ampliação

A secretária municipal do Planejamento Urbano e Habitação de Goiânia, Zilma Campos, adiantou, em entrevista, que caso haja diminuição no movimento do transporte coletivo, a prefeitura pode incluir novas atividades econômicas nos próximos dias. 

Agentes da prefeitura estão nas ruas fazendo visitas a estabelecimentos para fiscalizar se estão cumprindo os decretos. Estabelecimentos flagrados descumprindo as regras sanitárias e de funcionamento podem ser multados e, caso sejam reincidentes, podem perder alvará de funcionamento.