Escola transforma alunos autistas e com síndrome de Down em autores de livros, em Goiânia
Projeto foi criado após professora ver que seu filho foi excluído de um projeto por não atender aos critérios exigidos de alunos
Idealizado pela professora Raquel Ribeiro, o projeto “Estante Mágica” transforma estudantes autistas e com síndrome de Down em autores de livros. A psicopedagoga dá aulas no Colégio Integrado de Educação Moderna, em Goiânia, e afirma que o diferencial do projeto está nas histórias baseadas nas preferências e características individuais de cada criança.
Raquel, que também é mãe de uma criança com síndrome de Down, conta que pensou em implementar um projeto que garantisse a inclusão de todos os alunos depois que o filho foi excluído de uma atividade semelhante por não atender aos critérios tradicionais de participação.
“Em uma das escolas que meu filho estudou teve um projeto desses, e ele foi o único da escola que não foi incluído no projeto porque disseram que não teria tempo para trabalhar com ele. Como ele não escrevia ainda, não desenhava, falaram que não tinha o que fazer com ele. Ele foi o único da escola toda que não realizou o projeto. Então eu fiquei muito frustrada isso. Claro que depois ele saiu da escola e tudo, mas eu fiquei com aquela dorzinha de que meu filho foi excluído de um projeto por falta de iniciativa”, destaca a professora.
Para celebrar o lançamento dos livros foi realizado uma tarde de autógrafos. As obras fora apresentadas apenas na tarde de autógrafos e depois, ficou como uma presente da escola e dos alunos para os pais das crianças.
Além da criação dos livros, o projeto promoveu uma abordagem diversificada para atender às diferentes formas de comunicação dos alunos autistas. Aqueles que não podiam escrever foram incentivados a participar por meio de colagens e fotografias ou desenhos. “Todos puderam ter seu espaço no livro, mesmo aqueles com dificuldades motoras ou comunicativas”, destaca Raquel.
Participação da família dos alunos
O envolvimento das famílias também foi crucial para o sucesso do projeto. Os pais foram convidados a contribuir com informações sobre os interesses e preferências dos filhos, o que enriqueceu ainda mais as histórias criadas.
Além de idealizar, Raquel também participou como mãe do Álvaro e aproveitou para ajudar o filho a desenvolver o próprio livro.
“Esses desenhos fui eu mesma quem fiz, eu tenho esse hobby de desenhar e o meu filho coloriu. E aí a gente fez algumas páginas com a pintura dele, que ele mesmo fez. Alguns desenhos, a gente fez o carimbo das mãozinhas e improvisou ali um animal, por exemplo. Isso eu desenvolvi com o meu filho”, relata.
Mais projetos para inclusão de alunos
Com a experiência adquirida em Minas Gerais e agora em Goiânia, Raquel espera que outros educadores sigam seu exemplo e implementem projetos inclusivos em suas escolas.
“Acredito que se os professores forem verdadeiramente inclusivos, conseguiremos transformar a educação e garantir que todas as crianças tenham sua voz respeitada. Se não houver professores que realmente acreditam na inclusão, a educação de qualidade para essas crianças não avança”, conclui.