Escolas particulares querem aulas presenciais com 50% nos alunos na sala
Representantes do setor querem aumentar o número de estudantes de 30% para 50%
As escolas particulares de Goiânia querem aumentar o número de alunos nas aulas presenciais em 2021. A posição foi defendida pelo presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), Flávio Roberto de Castro, em entrevista concedida à TV Anhanguera.
O objetivo da entidade é aumentar o percentual de alunos de 30%, conforme estabelecido por nota técnica Secretaria Municipal da Saúde (SMS), para 50%. O argumento é que a demanda de aulas presenciais aumentou para 2021 e os protocolos têm sido cumpridos rigorosamente.
“As escolas particulares de Goiania seguiram todas as orientações dos órgãos de saúde e das autoridades sanitárias”, disse Flávio. “Nós contribuímos com o protocolo. Os associados do sindicato só voltaram às aulas quando o prefeito de Goiânia autorizou, via decreto”.
Flávio ressaltou que não houve casos confirmados de Covid-19 em professores e alunos depois do retorno às aulas presenciais. “Nossa experiência foi exitosa. A escola, por excelência, sabe trabalhar com regras e com disciplina. Não tivemos nenhum caso comprovado de contaminação nas escolas, seja com alunos ou com professores”.
Ele afirmou que pais e professores estão confiantes do retorno com um número maior, seguindo os mesmos protocolos. “A gente consegue manter o 50% com o cumprimento de todo o protocolo. Mantendo 1,5 metro entre cada aluno, restrições a espaços livres, pelo trabalho que realizamos em novembro e dezembro”.
Professores são contra
A posição do Sepe gerou reação no Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro Goiás). Em entrevista ao Mais Goiás, o presidente da entidade, Raílton Nascimento Souza disse que recebeu com preocupação o que ele classificou como “campanha patronal para aumento da capacidade”. Ele ressaltou ainda que as aulas presenciais preocupam os professores e que elas devem voltar apenas com a vacinação geral da população.
“Mesmo os 30% já causam imensa preocupação em professores e profissionais da educação, haja vista que não ainda um calendário claro de vacinação por conta da irresponsabilidade do governo federal”, disse Raílton. “O Sinpro reafirma que a sua posição de que a segurança para a volta às aulas só virá com vacinação geral e priorização dos profissionais em educação”.
O sindicalista também cobrou posicionamento do Conselho Estadual de Educação sobre a possibilidade de aumento. “É fundamental que ele (o conselho) se posicione sobre essa questão dos 50%. O risco é iminente e é grave. Daqui a pouco vão querer aumentar para 60, 70. 100%”, concluiu.
Volta às aulas em 2021
Em entrevista ao Mais Goiás, a secretária de Estado da Educação, Fátima Gaviolli, apontou que as alterações dos indicadores após as festas de fim de ano serão cruciais para futuras definições.
“Caso não haja alterações nos indicadores, seguimos com 30%”, disse. Os critérios definidos para retorno seguro é a diminuição do número de mortes e ocupação dos leitos abaixo dos 75% por quatro semanas. O que foi conseguido já em outubro.
No entanto, especialistas, e o próprio governo estadual, trabalham com a hipótese de crescimento do número de casos no estado. A aglomerações provocadas pelas reuniões de família durante as festividades de fim de ano podem determinar o avanço da covid-19 entre a população que ainda não teve contato com o coronavírus, o que pode provocar novo repique nos gráficos.
Assim, a nota técnica deve indicar como se deu o alastramento do vírus entre os residentes em Goiás e a ocupação de leitos nos hospitais goianos.
Já a Secretaria Municipal de Saúde da capital (SMS) informou que o percentual de alunos nas aulas presenciais ainda não foi discutido pelo COE municipal.