Jogado contra o colchão

Espancado pelo padrasto, menino de 2 anos tem morte cerebral confirmada em Rio Verde

Garoto foi arremessado várias vezes contra um colchão fino e apresentava lesões antigas de queimaduras e outros ferimentos

Padrasto é preso por matar criança de 2 anos que chorava pela falta da mãe em Rio Verde (Foto: Polícia Militar)

Laudo médico constatou a morte cerebral do menino de 2 anos que foi espancado pelo padrasto por chorar ao sentir falta da mãe, em Rio Verde, região Sudeste de Goiás. O crime aconteceu no último domingo (20) na casa onde a vítima morava com a mãe e o agressor. O menino foi arremessado repetidas vezes contra um colchão fino que estava no chão e sofreu lesões graves na coluna e na cabeça. A criança também apresentava braço quebrado e  marcas de agressões e queimaduras antigas.

Na tarde de segunda-feira (21), o Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) informou que a criança estava internada na UTI em estado gravíssimo e respirava com ajuda de aparelhos. Porém, o delegado Adelson Candeo explica que, para a medicina legal, já não existia função cerebral em relação ao corpo.

“Para a medicina normal, medicina terapêutica, ele está vivo ainda porque está respirando. Por aparelho, mas está respirando e tem circulação sanguínea. Para a medicina legal, o médico legista já declarou a morte cerebral dele. Não existem mais funções do cérebro em relação ao corpo. É claro que pode acontecer um milagre e esse menino sair andando, mas para a lógica e para a ciência isso não deve acontecer mais, não existe mais o domínio do cérebro sobre as funções corporais”, explica o delegado.

O padrasto continua preso na unidade prisional de Rio Verde. O depoimento da mãe da criança deve ser colhido até a próxima sexta-feira (25). Outras testemunhas, como vizinhos e os médicos que prestaram atendimento ao menino, também serão ouvidos.

Em caso de “milagre”

Adelson reforça que mesmo com a improvável recuperação da criança, o padrasto responderia por tentativa de homicídio triplamente qualificado. “Vamos supor que aconteça um milagre e o menino saia brincando no playground do hospital. A tipificação vai ser a mesma, só vai ter uma redução de pena que é na hipótese de tentativa”, conclui o coordenador da investigação.

*Jeice Oliveira compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Hugo Oliveira