NOVEMBRO ROXO

Especialistas alertam para a importância do pré-natal e da presença do pediatra na sala de parto

No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que 340 mil bebês nascem antes do término da gestação anualmente

Em um mês voltado para destacar a importância dos cuidados com a prematuridade (Novembro Roxo), especialistas reforçam a necessidade de um acompanhamento pré-natal rigoroso e da presença de pediatras qualificados na sala de parto para diminuir os riscos em torno da condição. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que 340 mil bebês nascem antes do término da gestação anualmente, número que posiciona o país em 10º lugar no ranking mundial de nascimentos prematuros.

Estudos indicam que o nascimento prematuro está associado a uma série de complicações, entre elas as de ordem cardiopediátrica, que podem afetar a saúde do recém-nascido ao longo da vida. “Bebês prematuros são especialmente vulneráveis a condições cardíacas, pois seus sistemas estão ainda em desenvolvimento, incluindo o coração e os vasos sanguíneos”, explica a cardiopediatra Mirna de Sousa, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.

A especialista reforça que a presença de um pediatra capacitado na sala de parto é fundamental para garantir que qualquer anomalia seja identificada e tratada imediatamente, reduzindo riscos graves.

Complicações

Entre as complicações cardíacas mais comuns em recém-nascidos prematuros estão a persistência do canal arterial (PCA) – uma conexão anormal entre as artérias principais – e a hipertensão pulmonar, condição que pressiona o coração e dificulta a oxigenação do sangue. A especialista destaca que intervenções imediatas, que podem ser feitas pelo pediatra ao nascimento, são essenciais para estabilizar esses bebês, prevenir sequelas e salvar vidas. “Os primeiros minutos após o nascimento são cruciais para avaliar a função cardíaca, verificar a oxigenação e, se necessário, iniciar procedimentos de reanimação neonatal”, pontua a médica.

Um pré-natal adequado, com ênfase em exames que detectem potenciais problemas cardíacos ainda na fase gestacional, aliado à presença do pediatra ao parto, é uma estratégia essencial para diminuir as complicações associadas à prematuridade. A portaria nº 306 do Ministério da Saúde, desde 2016, reconhece a necessidade da presença do pediatra em cesarianas, mas os profissionais defendem que essa medida seja ampliada para partos normais.

A cardiopediatra ressalta ainda que a prevenção vai além do momento do parto. “Desde a concepção até os primeiros anos de vida, o cuidado com o coração da criança é determinante para uma infância saudável. Essa abordagem integrada entre gestante e pediatra no pré-natal e na sala de parto deve ser considerada um direito da mãe e do bebê e uma prioridade de saúde pública”, conclui.