Esposa proíbe enterro do marido que prometeu ressuscitar em Goiatuba
A esposa do pastor evangélico Huber Carlos Rodrigues, que morreu na última sexta (22) vítima…
A esposa do pastor evangélico Huber Carlos Rodrigues, que morreu na última sexta (22) vítima de complicações da covid-19 em Goiatuba, recorreu à Justiça para que impedir que o corpo seja enterrado. Ana Maria de Oliveira Rodrigues afirma que o marido deixou uma declaração, redigida em 2008, em que ele diz ter sido informado pelo Espírito Santo de que vai ressuscitar três dias depois da morte, ou seja: nesta segunda, às 23h30.
O processo corre em segredo no Judiciário. O Mais Goiás ouviu pessoas que falaram com a viúva no domingo. Ana disse que conversou por chamada de vídeo com o marido pouco antes da morte e que ele reafirmou o desejo de não ser sepultado após a confirmação do óbito.
“Pedi ao Senhor que me desse uma segurança, uma certeza pra eu agir. E Deus colocou uma base no meu coração”, disse Ana Maria a uma amiga. Uma conhecida da igreja a ajudou a encontrar um advogado que a representasse na causa. “Muitas pessoas vão dizer que eu estou doida, mas eu tenho que respeitar a intimidade que ele teve com Deus. Ele vai ressuscitar 23h30. Eu vou para lá 23h”, disse. Ana afirma que o corpo de Huber estava “perfeitinho e sem cheiro, em uma sala refrigerada” no domingo.
A viúva relatou a outra amiga que a família protesta contra a resistência dela ao sepultamento. “Eles não estão entendendo o meu lado. Mesmo que eles não creiam, eles deveriam saber que estou fazendo isso porque o Huber pediu. Eu prefiro enfrentar a família a ter a consciência pesada para o resto da vida”.
A revelação do Espírito Santo para Huber
No documento, o finado pastor conta como foi a revelação do Espírito Santo: “eu terei atendimento médico no qual será constatada a minha morte. Mesmo após confirmado o meu óbito, me revela o Espírito Santo que será expressamente proibido aos médicos ou qualquer outra pessoa tocar no meu cérebro ou no meu corpo físico. (…) A minha integridade física tem que ser totalmente preservada, pois eu ficarei morto por três dias, sendo que no terceiro dia, às 23h30, eu ressuscitarei. Meu corpo, durante estes três dias, não terá mau cheiro nem se decomporá, pois o próprio Deus terá preparado a minha carne e meu cérebro para passar pela experiência”.
No documento, Huber diz que, por meio da sua ressurreição, pessoas passarão a ouvir a mensagem de Deus e a crer nela. “Eu não serei a luz, mas testificarei a luz, a luz verdadeira que veio ao mundo e ilumina todas as pessoas.
A carta diz que a experiência pela qual o pastor passará é semelhante à de três passagens bíblicas: 1) morte e ressurreição de Lázaro, que consta no evangelho do apóstolo João; 2) a ressurreição da filha de Jairo, relatada nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas; 2 a ressurreição do filho da viúva de Naim, que está no evangelho de Lucas.
Para que a profecia se consume, a suposta declaração do pastor requer que não se toquem em órgãos externos ou internos do seu corpo e que sejam vedadas autópsia, cirurgia ou “qualquer tipo de medicação ou preparação do corpo pela funerária”.