Esquema criminoso na Agetop provocou prejuízo de R$ 46 milhões ao estado, diz PC
Operação apura irregularidade em obra superfaturada que não foi executada na GO-230, entre Água Fria e Mimoso de Goiás
A Polícia Civil cumpriu nesta terça-feira (15), 12 mandados de busca e apreensão em casas e outros endereços de empresários e de servidores da antiga Agência de Transportes e Obras Públicas (Agetop), hoje Agência Goiana de Infra Estrutura (Goinfra). Investigações conduzidas pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR) apuram irregularidades em uma obra de pavimentação asfáltica, contratada em 2013, que teria provocado um prejuízo de R$ 46 milhões aos cofres do Governo de Goiás.
Dos 12 mandados de busca e apreensão expedidos contra sete pessoas físicas e sete pessoas jurídicas, 10 foram cumpridos em Goiás e dois no Tocantins. Durante a operação, foram apreendidos documentos, celulares e discos rígidos de computadores. No apartamento de um dos investigados, os policiais encontraram dois envelopes, ambos escondidos em uma planta, que tinham dentro R$ 135 mil, e US$ 3.800 em cédulas.
De acordo com o delegado Luiz Gonzaga Júnior, adjunto da DECCOR, o contrato, repleto de irregularidades, foi executado dentro da Agetop, entre 2013, e 2018. “As investigações apontam que dois núcleos foram criados dentro daquela agência, um político e outro financeiro, que permitiram que uma empresa privada recebesse pela realização de uma obra que teria que ser executada por quem de fato ganhou a licitação e que, ao longo dos anos, foi totalmente descaracterizada e superfaturada, provocando um prejuízo de R$ 46 milhões”, descreveu.
A contratação, ainda de acordo com o delegado, teria sido para a execução de uma obra na GO-230, entre Água Fria e Mimoso de Goiás, que sequer foi executada. Ao final das investigações, os suspeitos podem ser indiciados por peculato, organização criminosa, superfaturamento e descaracterização de contratos, bem como por lavagem de dinheiro.
Ex-governador e ex-presidente da Agetop
Luiz Gonzaga Júnior disse que em decorrência da nova lei de abuso de autoridade, não poderia relatar os nomes dos investigados, mas o ex-governador de Goiás e presidente do PSDB regional, José Eliton, confirmou que os policiais realizaram buscas em sua casa e no escritório dele, de onde levaram o celular particular e o HD de um computador. José Eliton se disse surpreso com a operação e afirmou que não poderia se pronunciar por enquanto, já que seus advogados ainda não tiveram acesso aos autos.
Apesar da operação apurar um suposto esquema ocorrido na gestão passada da Agetop, o ex presidente da agência na época, Jayme Rincón, não foi alvo de nenhum mandado de busca ou apreensão hoje. A afirmação foi repassada ao Mais Goiás pelo advogado que defende Rincón, Romero Ferraz, que disse ter conversado no início da tarde com o delegado responsável pelas investigações.
Nota do ex-governador:
Em relação a Operação “Terra Fraca”, deflagrada ontem pela Polícia Civil do Estado de
Goiás, o ex-governador José Eliton tem a esclarecer os seguintes fatos, depois de ter
acesso ao conteúdo do inquérito policial e da decisão da Justiça do Estado de Goiás:Ao analisar as 895 páginas do inquérito, o ex-governador enfatiza que o seu nome não
é citado UMA ÚNICA VEZ SEQUER. Não há qualquer referência à sua pessoa, direta ou
indiretamente, em todo o material que baseia a operação policial. Razão pela qual, por
si só, já causa estranheza e indignação, principalmente com a apreensão de dois
celulares e de um computador em sua residência em Goiânia.O ex-governador destaca ainda que a autoridade policial do Estado, ao requerer a
cautelar de busca e apreensão, faz referência unicamente a Operação Decantação 2, de
2019, em que José Eliton foi ouvido como DECLARANTE (não como investigado) pela
Polícia Federal. Naquela oportunidade, o ex-governador prestou todos os
esclarecimentos às autoridades, inclusive com entrega de vasta documentação.Todos os seus objetos apreendidos na época, foram amplamente analisados e periciados
pela PF, que não encontrou nenhuma irregularidade ou ilicitude, fato este comprovado
em próprio laudo da instituição, os devolvendo logo em seguida ao proprietário.Estranhamente, esses relevantes fatos (esclarecimentos à PF, com entrega de ampla
documentação, e perícia nos celulares e computadores) não foram referenciados pela
Polícia Civil de Goiás ao juiz que assinou a cautelar de busca e apreensão. Isto pode ter
induzido o magistrado ao erro na sua decisão.É sabido que José Eliton exerce papel relevante e público como oposição ao atual
Governo do Estado, tendo inclusive concedido entrevistas nesse sentido para vários
veículos de comunicação.Embora lamente que os direitos fundamentais no Brasil têm sido violados
sistematicamente, o ex-governador enfatiza que embora profundamente indignado,
está absolutamente tranquilo. Não há imputação em relação à sua conduta ou sobre
qualquer fato que tenha feito ou deixado de fazer, como fica evidente no próprio
inquérito da operação desta semana como destacado anteriormente. Enfatiza ainda a
sua plena confiança na Justiça de Goiás e informa que vai tomar todas medidas judiciais
para garantia de seus direitos.Por fim, José Eliton informa que continuará com o seu trabalho, em total respeito aos
valores constitucionais, na defesa das liberdades, com críticas e ponderações que
entender pertinentes sempre com o objetivo de colaborar com o debate democrático
na luta por um futuro melhor e mais justo para todos os goianos e todos os brasileiros.