“Estava extremamente tranquilo”, diz delegado sobre PM que matou esposa e enteada em Rio Verde
Informalmente, o soldado disse que a companheira teria ofendido e o "irritado o dia todo", e por isso ele "perdeu a cabeça"
O soldado da Polícia Militar, Rafael Martins Mendonça, de 32 anos, investigado por matar a esposa e a enteada de 3 anos, “estava extremamente tranquilo e racional” durante o procedimento de sua prisão. É o que afirma ao Mais Goiás o delegado Adelson Canedo, responsável pela apuração do crime, ocorrido na noite de quarta-feira (14), em Rio Verde.
“Eu acompanhei todo o procedimento dele e afirmou que estava extremamente tranquilo, calmo, racional. Não estava em momento nenhum exaltado, trêmulo, nervoso, triste ou chorando. Respondia com tranquilidade o que lhe era perguntado”
Delegado Adelson Canedo, responsável pela investigação
O PM matou a companheira Elaine Barbosa de Sousa, de 28 anos, com oito disparos. A filha caçula dela, Ágatha Maria de Sousa, de 3 anos, também foi assassinada com quatro tiros. Somente a filha mais velha da mulher, de 5 anos, sobreviveu ao atentado e não corre risco de morte, Mesmo assim, ela também foi baleada nas costas, virilha, pernas e nádegas.
O delegado explica que, durante o registro do flagrante, o soldado não confessou o crime e muito menos deu detalhes da dinâmica dos fatos, tendo permanecido em silêncio. Entretanto, fora do ambiente de flagrante, Rafael disse informalmente ao colega de profissão que ajudou na prisão dele, que Elaine o teria ofendido e o “irritado o dia todo” e por isso ele “perdeu a cabeça”.
Em depoimento na delegacia, o suspeito também optou por continuar em silêncio. Segundo o delegado Adelson, não há nenhum registro criminal que aponte que Rafael agredia Elaine, mas vizinhos relataram que era comum ouvir discussões entre eles.
Além disso, o delegado afirma que também não há evidências confirmadas de que o soldado tinha qualquer animosidade com as enteadas. Inclusive, todos acreditavam que ele mantinha uma boa relação com as crianças.
PM que matou esposa e enteada faz tratamento psiquiátrico
Embora fosse soldado da PM, Rafael não atuava mais nas ruas em razão de um tratamento psiquiátrico ao qual era submetido. Ele teve sua arma confiscada e havia sido readequado para funções administrativas na corporação.
Na casa do investigado, no entanto, foram apreendidas duas armas adquiridas de forma particular. Uma delas, uma pistola, foi utilizada no crime.
A Polícia Militar comunicou a abertura de um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar a conduta do soldado Rafael Martins Mendonça.
Relembre
Após cometer os crimes, Rafael telefonou para um cabo que trabalha no mesmo batalhão que ele e confessou ter “feito uma besteira”. O colega, que estava no horário de folga, continuou falando com o atirador pelo celular, e seguiu até a casa dele acompanhado da esposa, que é enfermeira.
Quando o cabo chegou à residência, Rafael sacou a pistola que trazia na cintura e apontou para a própria cabeça, mas foi contido pelo colega de farda, que entrou em luta corporal com ele e conseguiu acionar uma viatura.
A enfermeira entrou na casa e viu que Elaine e Ágatha já estavam mortas. Ela encontrou a segunda criança baleada, mas consciente, e a levou para fora da casa para esperar o atendimento médico. A menina foi levada para o Hospital Pediátrico de Rio Verde.
O portal não teve acesso à defesa do militar, mas deixa o espaço aberto para manifestação.