Polícia

Estudante de direito vendia celulares roubados em camelódromo de Goiânia

Cerca de R$ 30 mil em aparelhos foram encontrados pelos investigadores; há suspeita de que preso recebia os produtos para vender mais baratos

A Polícia Civil apreendeu 50 celulares roubados. Segundo a corporação, o valor estimado em R$ 30 mil, que eram revendidos no camelódromo entre as avenidas Araguaia e Anhanguera, no Setor Central de Goiânia. O resultado da operação policial foi apresentado na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), na tarde desta quinta-feira (8). O responsável pelas vendas, Yves Henrique da Silva, de 19 anos, é estudante de direito. Ele foi preso e passa por audiência de custódia já neste sábado.

Delegada titular do Grupo Antirroubo a Residência, Karla Fernandes explicou que após diversas ocorrências de roubos de celulares, principalmente iPhones, as investigações policiais mostraram que boa parte dos aparelhos roubados ou furtados eram utilizados no Centro da capital. Em diligências ao local, a equipe encontrou Yves desmontando um aparelho. O estudante confessou que os objetos eram roubados. Além disso, com o suspeito havia R$ 3.147; a polícia acredita que seja da venda de um aparelho.

Em depoimento à delegada, Yves revelou ter aberto a loja no camelódromo em dezembro do ano passado, mas já trabalhava com celulares anteriormente. “Ele comprava esses aparelhos de diversos fornecedores, restaurava os dados, adulterava e colocava novamente no mercado como se fosse novo ou usado. Os celulares eram vendidos sem nota fiscal ou a caixinha, mas muitas pessoas de boa fé acreditavam que os objetos tinham procedência legal”, explica Karla.

Na banca de Yves, que não tinha licença para funcionar, foram apreendidos quatro computadores e cerca de 50 celulares. Apenas 44 aparelhos estavam inteiros; o restante estava em carcaça, porque apenas as peças eram usadas para reposições.

Os celulares eram vendidos por por valores próximos aos de mercado e, o modelo mais atual, era comercializado a R$ 6 mil (até R$ 2 mil a mais no mercado). Apesar do estudante ter apagado as informações dos aparelhos, 10 donos foram identificados pela Polícia Civil. Dois proprietários já estiveram na delegacia e recuperaram os aparelhos, após apresentarem o registro de ocorrência de roubo.

Segundo a delegada, devolver os aparelhos para os donos não é fácil. A causa principal é a subnotificação das ocorrências. Para Karla, quando as vítimas não registram roubos ou furtos o trabalho da polícia em identificar vítimas, ladrões e os receptadores é ainda mais dificultado.

A delegada considera que Yves se aproveitou da condição de estudante de direito. “Eu acredito que ele confessou por saber que a confissão é atenuante, ou seja, diminuiu a pena. E ele mostrou em todo seu depoimento ter boa vontade, o que facilita nossa investigação mas mostra que a pessoa tinha conhecimento de que estava agindo na ilegalidade”, argumenta.

Aparelhos utilizados para conectar os celulares ao computador para apagar as informações. (Foto: Mais Goiás)

Receptação

A delegada explica que Yves é considerado receptador qualificado tinha conhecimento que os celulares tinha origem ilícita e mesmo assim comprava e revendia. Contudo, as pessoas que compraram os aparelhos também podem responder por receptação, mesmo que tenham comprado ‘de boa fé’.

Karla orienta que as pessoas comprem celulares apenas em estabelecimentos que oferecem garantia, nota fiscal e a caixa do aparelho. “Se a pessoa comprou por R$ 3 mil do Yves, poderia pagar R$ 1 mil a mais e ter a segurança de um produto de qualidade e ainda poder parcelar”, alerta a delegada.

Os outros celulares que ainda não foram devolvidos aos donos, vão ser encaminhados para os distritos policiais responsáveis pela região onde os aparelhos foram roubados ou furtados. Quem foi roubado e acha que pode recuperar seu telefone, pode procurar a Polícia Civil com a nota fiscal e a caixa do produto.