Estudantes da PUC-GO denunciam golpe de empresa que vende livros didáticos
De acordo com os relatos, supostos representantes afirmam ter parceria com a universidade para vender material para todo o curso. Valores chegam a R$ 2 mil
Estudantes da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) denunciam um suposto golpe de uma empresa envolvendo a compra de livros didáticos. De acordo com relatos dos estudantes ao Mais Goiás, supostos representantes da empresa Book Play utilizam o nome da universidade e entram em contato com estudante oferecendo material supostamente aprovado tanto pela instituição quanto por professores.
De acordo com os depoimentos, a empresa tem acesso a nomes e números de telefone de várias pessoas. Em alguns casos, os vendedores se identificam como funcionários da universidade e afirmam que a instituição tem parceria com a Book Play.
Depois disso, entram em contato insistentemente com as pessoas tentando vender um pacote de livros que seriam utilizados ao longo do curso. Os preços dos pacotes variam, entre R$ 1.600 a R$ 2 mil.
Insistência com os estudantes
Fernanda Frauzino, estudante do primeiro período de Psicologia, também foi abordada por supostos representantes da empresa. “Eles me ligaram por volta das 10 horas da manhã”, disse Fernanda. “A vendedora me disse que falava em nome da PUC e que estava vendendo livros com desconto. Ela me disse que os 11 livros seriam usados durante todo o curso e que tinham a aprovação da universidade e dos professores”, conta.
Fernanda relata que a vendedora era insistente e que queria o telefone dos pais da estudante para fechar o negócio. Por fim, ela só não comprou o material porque foi alertada por uma professora da instituição.
“Fiquei com vontade de comprar. Eu sou do primeiro período e, na minha cabeça, seria material para o curso inteiro. Falei que teria que ver com os meus pais e ela insistiu muito, pediu até para eu passar os números dos meus pais pra ela. Eu perguntei para minha professora se ela recomendava e ela me falou que a PUC usa apostilas e que esse tipo de venda não era confiável”.
Outro caso recebido pela redação foi o de um estudante de Direito que não quis se identificar. Ele afirma que até quatro supostos representantes da mesma empresa entraram em contato com ele, por telefone e por aplicativos de mensagens. O estudante revela ainda que, se passasse o contato de outros estudantes, receberia livros de graça.
“Já pedi que eles não entrassem em contato novamente, porém eles continuavam insistindo. Uma das pessoas que me abordaram disse que era funcionário da própria universidade. E já me disseram que se eu fornecesse dados, como número de outros alunos e nome para que eles oferecessem os produtos deles, eu ganharia alguns produtos também”.
Foi parar na justiça
Thays Alcântara, estudante de Direito da universidade, chegou a aceitar o envio do material e tem enfrentado vários problemas desde então. “Eles entraram em contato comigo em agosto do ano passado, logo depois que as aulas começaram”, disse ela. “Não sei como eles conseguiram o meu número. Eles chegaram a citar nomes de outros alunos e ofereceram livros. Ficaram comigo mais de uma hora no telefone para vender esses livros”.
Durante a conversa, a empresa disse a Thays que mandariam os livros e que, se ela não gostasse, poderia devolvê-los. “Eles me enviaram no final de agosto já com os boletos. Quando eles chegaram eu vi que não eram os livros que eu queria. Eram códigos comentados e eu procurava doutrinas”.
Nesse meio tempo, Thays teve que ser hospitalizada. Além disso, uma greve dos correios atrasou a devolução. Mesmo com as justificativas, a empresa não aceitou a devolução gratuita. Ou a cliente pagava o valor integral, ou devolvia e pagava 25% do valor da compra.
“O tratamento foi bem diferente dessa vez. Eles disseram que o prazo para devolução de compra e venda era de sete dias. Mas eu nunca disse que compraria os livros. E não era o material que eu queria” disse a estudante.
Hoje a estudante move um processo contra a empresa para se livrar da dívida e para limpar seu nome, que já consta na lista do Serasa. “Nunca fui devedora. Pelo contrário. Me julgaram devedora, ainda tiveram a coragem de negativar meu nome, que é a única coisa que eu tenho”, lamentou.
Resposta
A PUC-GO, por meio de sua assessoria, informou que não mantém esse tipo de parceria e que nem compartilha dados da comunidade acadêmica.
Por meio de nota, a BookPlay informou que está apurando internamente os fatos relatados. Entretanto, ressaltou que não há registro de clientes com os nomes citados na matéria e que “os termos utilizados nas estratégias de venda destacados pela matéria não fazem parte do treinamento de colaboradores e franqueados.
Cuidado”.
O gerente de Pesquisa e Cálculo do Procon-GO, Gleidson Tomaz, ressaltou que os clientes tem um prazo de até sete dias para desistir de uma compra realizada, por qualquer motivo. Ele alertou ainda para a necessidade de verificar a idoneidade da empresa e afirmou que o cliente pode exigir que todas as ofertas sejam feitas por escrito.
“Primeiro é preciso pesquisar e verificar a idoneidade da empresa. Se ela tem endereço fixo, telefone fixo para contato. Além disso, todo consumidor tem o direito de exigir que toda as ofertas sejam feitas por escrito”, finalizou Gleidson.
*Matéria atualizada dia 06/04/2020 para acréscimo de resposta da empresa BookPlay