Crise Hídrica

Estudo da UFG aponta possível falta de água na Região Metropolitana de Goiânia

Segundo a coordenadora da pesquisa, a expansão urbana e a falta de preservação de mananciais podem acarretar em escassez hídrica cada vez pior

Estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás  (UFG) concluiu que a Região Metropolitana de Goiânia pode ficar sem água caso não seja tomadas medidas para a restauração de mananciais e dos cursos dos rios. O trabalho foi realizado por 38 pesquisadores e coordenado por professores da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da instituição.

Segundo a professora e coordenadora Karla Emmanuela Ribeiro Hora, o estudo foi desenvolvido entre 2015 a 2017. Nesse período, os pesquisadores visitaram os 20 municípios que compõem a Região Metropolitana. “Em todas as cidades foram desenvolvidas oficinas, trabalhos de campo nas áreas urbanas e suas proximidades e tecemos laudos técnicos”, destaca.

Os resultados encontrados apontou que a expansão urbana está prejudicando as áreas de preservação ambiental e, com isso, acarretando diversos problemas no solo. “Notamos que menos de 25% possui áreas remanescentes do Cerrado preservada. Além disso,  outra parte do solo é utilizada para agricultura, pastagens e área urbana”, relata.

Avanço desordenado 

De acordo com Karla, o crescimento urbano próximo aos mananciais levam ao desenvolvimento de mais problemas ao meio ambiente. “Verificamos que a cidade está avançando em lugares que deveriam ser preservados. Notamos que o solo corre maior risco de erosão, contaminação de água por meio de lixo e esgoto clandestino. Um exemplo é o aterro sanitário em construção nos limites de Guapó, situado próximo às nascentes do Ribeirão Veredas. Esse aterro poderá comprometer a qualidade ambiental do manancial de abastecimento do município de Aragoiânia”, conta.

No último dia 13, o governo do Estado publicou no Diário Oficial um decreto que declara situação de emergência nas bacias do ribeirão João Leite e do rio Meia Ponte. Para a professora, a medida é positiva, mas que somente ela não resolve.

“Precismos de políticas de desenvolvimento urbano e de apoio aos moradores das regiões. Além disso, alertar a população para o uso racional de água. Novos empreendimentos já devem adotar modos sustentáveis e os governos municipais devem fiscalizar os seus planos diretores e investirem em obras para que haja um melhor infiltração de água no solo urbano, como áreas de preservação e parques. Já vivenciamos uma escassez hídrica que só tende a piorar, caso não seja tomada essas medidas”, destaca.

A professora alega que o estudo será apresentado em audiência pública diante articulação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) e Conselho de Desenvolvimento Metropolitano de Goiânia (Codemetro) em debate com todos os representantes dos municípios e dos dois poderes: Executivo e Legislativo.

O Mais Goiás entrou em contato com a Secima que, por telefone, alegou que o decreto publicado é a atividade em resposta ao estudo apresentado pela universidade.