“O suposto crime de estupro ocorrido na noite da última terça-feira não aconteceu”. A afirmação foi feita na manhã de hoje (17) pela Delegada Ana Elisa Gomes, titular da Delegacia Especilizada de Atendimento à Mulher (Deam), durante coletiva de imprensa. A delegada ainda indiciou o estudante de Relações Públicas, Daniel Bezerra da Silva Junior, de 20 anos, pela falsa comunicação de crime.
A denúncia de que uma garota teria sido vista descendo de um carro preto machucada e com as roupas rasgadas foi feita pelo estudante em sua conta no Twitter na noite de terça-feira (14). O caso gerou repercussão e revolta entre os estudantes da UFG, que chegaram uma fazer manifestação na Reitoria da universidade na quarta-feira(15).
Ouvido no dia seguinte na DEAM, o estudante manteve a versão, e afirmou ter tentado ajudar uma garota que desceu chorando e correu para o banheiro para lavar as partes íntimas. Daniel afirmou ainda que, enquanto foi procurar por seguranças, a suposta vítima sumiu.
Durante as investigações, porém, a titular da DEAM recebeu uma imagem do circuito interno de segurança da UFG que mostra Daniel no último dia 7 de junho, às 19 horas, virando a câmera do banheiro onde a suposta vítima teria entrado. No dia seguinte ao suposto estupro, a equipe de segurança da UFG encontrou no banheiro uma calcinha suja.
“Precisamos ouvi-lo agora para descobrir qual a real intenção dele em causar esse pânico. Já sabemos que no dia seguinte a denúncia teria uma eleição do DCE que, por conta disso, foi adiada. Mas ainda não podemos afirmar se há alguma relação. O fato é que a Reitoria foi ocupada desde então, e ainda hoje os estudantes permanecem lá dentro”, relatou.
Ana Elisa pretendia ouvir Daniel hoje, mas, por telefone, ele informou que está em Porto de Galinhas, no Estado de Pernambuco. Em uma rede social, Daniel, que não era candidato ao DCE, mas que segundo a delegada tem forte liderança sobre os estudantes, postou uma foto hoje cedo na beira da praia com o título “ponto de fuga”.
A calcinha que foi deixada no banheiro será encaminhada para a perícia apenas para que o inquérito possa ser concluído. Indiciado pelo crime de falso testemunho, Daniel está sujeito a uma pena que varia de um a seis meses de reclusão, caso seja condenado.