Ex-diretor e agentes de presídio em Anápolis responderão por organização criminosa
Lista de crimes inclui tráfico de drogas, facilitação de entrada de celulares na unidade e até tortura
O ex-diretor da Unidade Prisional de Anápolis Fábio de Oliveira dos Santos, o agente penitenciário Antônio Dias Ataídes Neto e o ex-vigilante penitenciário temporário Sóstenes R. Brasil Júnior responderão por cinco crimes cometidos por meio de suas funções no presídio. Segundo denúncia do Ministério Público, eles são acusados de comporem organização criminosa, prevaricação, favorecimento de entrada de celulares na unidade, tráfico de drogas e até tortura.
A acusação de tráfico de drogas é apenas contra Fábio, enquanto a de tortura se refere, comprovadamente, a Antônio. Segundo os promotores, a tortura foi cometida contra um preso, embora interceptações telefônicas realizadas durante a investigação demonstrem que havia ordens para agressões e maus tratos a detentos, principalmente contra aqueles que não tinham condições de pagarem por regalias.
Os crimes foram apurados durante a Operação Regalia II, deflagrada no último 21/11. Desdobramentos da operação, segundo promotores que integram o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), já renderam quatro denúncias criminais. Segundo informações do MP, enquanto esta última denúncia, acesse aqui, relaciona agentes públicos, atualmente afastados de suas funções, as três primeiras incluem presos que comandavam o esquema de tráfico de drogas na unidade prisional. Ao todo, 13 pessoas foram denunciadas.
Membros do Gaeco, coordenados pelo promotor Thiago Galindo, também reforçam que os denunciados não responderão por prática de corrupção, apesar dos “diversos depoimentos indicando que eles receberiam propina em troca de regalias, especialmente para facilitar as ‘saidinhas’ de presos, porque não há como embasar uma denúncia por corrupção em provas testemunhais”, afirmaram em coletiva de imprensa na tarde de quarta-feira (14). Segundo eles, as investigações terão continuidade para verificação da prática de outros crimes, como lavagem de dinheiro.
O Mais Goiás não conseguiu contato com promotores membros do Gaeco.
Crime organizado
De acordo com a denúncia, após o recolhimento de provas, foi possível a identificação de quatro grupos criminosos, três deles ligados ao tráfico de drogas. O quarto, objetivo desta última denúncia, foi vinculado à entrada de drogas, telefones, “objetos proibidos” e outras regalias na unidade prisional. A facilitação ocorria em troca de vantagens indevidas, principalmente, por dinheiro.
“Este grupo era liderado pelo diretor Fábio de Oliveira Santos, de forma indireta, e por Ednaldo Monteiro da Silva (falecido), de modo mais ostensivo, o qual exercia a função de supervisor de segurança e era o segundo homem na hierarquia do presídio, abaixo apenas de Fábio”, acusa a denúncia. O documento ressalta ainda a participação do agente de segurança penitenciária Antônio e o ex-agente Sóstenes R. Brasil Júnior, ex-vigilante penitenciário temporário.