Caso Yone

Ex-mulher de Alexandre de Assis revela que homem era agressivo, possessivo e doentio

“Agressivo, calculista, possessivo, doente e bandido” foram os primeiros adjetivos utilizados pela ex-mulher de Alexandre…

“Agressivo, calculista, possessivo, doente e bandido” foram os primeiros adjetivos utilizados pela ex-mulher de Alexandre de Assis, Cláudia da Silva*, para descrever a personalidade do homem que matou a ex-namorada Yone Glória a tiros no início desta semana.

Cláudia, que alega ser o alvo do vídeo ameaçador postado por Alexandre no Instagram, afirma ter se relacionado com ele por dois anos: um ano de namoro e outro de união estável.

O relacionamento terminou em 2016, quando a mulher, que já estava cansada e preocupada com as atitudes agressivas do então marido, descobriu que Assis ganhava a vida como estelionatário.

“Ele era muito possessivo, ciumento. Não deixava eu sair sozinha. Passou a morar na minha casa quando minha mãe morreu, com a desculpa de que cuidaria de mim. Depois, nunca mais saiu de casa e não contribuía com as despesas, pois não trabalhava”.

Conforme explica a mulher, o homem a impedia de sair de casa. “Ele era muito possessivo, agressivo, ciumento. Ele não me deixava trabalhar, não podia ir nem à farmácia. Quando ele precisava sair para resolver os ‘negócios’ dele, me deixava sozinha com minha filha, mas eu tinha que ficar dentro de casa. O casamento acabou por isso, mas principalmente, porque descobri que o dinheiro que ele tinha era fruto de golpes que ele aplicava”.

Alexandre aplicava golpes e tinha inimigos, segundo ex-mulher (Foto: reprodução)

Brigas entre o casal eram frequentes, segundo ela, que afirma nunca ter sido agredida fisicamente por Alexandre. A mais “feia” delas ocorreu quando ele pensou estar sendo traído.

“Ele achou que eu estava recebendo mensagens e brigamos feio. Na ocasião, ele chegou a pegar uma faca, com a qual pedia que eu o matasse. Sabia como ele era e o que tinha que fazer para acalmá-lo, senão o risco era muito grande. Falava o que ele queria ouvir, que o perdoava e que reatava o relacionamento, assim contornava o nervosismo dele. Deixá-lo foi a melhor decisão que tomei na minha vida”, ressalta.

Estelionatário

De acordo com Cláudia, na época da morte de sua mãe, Alexandre estava com o dinheiro da venda de uma casa que pertencia a ele. “Ele fazia coisas do tipo direto. Vivia de enganar pessoas. Mexia com cheques sem fundo, pegava dinheiro emprestado e não pagava e ainda ostentava coisas adquiridas com o dinheiro dos outros.

Cláudia revela ter desconfiado de atitudes do então marido, mas não sabia do envolvimento dele com ilegalidades. “Um dia um homem apareceu fazendo cobranças e ele saiu para atender o chamado. Peguei o carro e os segui, eles foram até a chácara onde o corpo dele foi encontrado. Lá eu soube que ele era estelionatário”, afirma Cláudia, que não entrou em detalhes.

Na sequência, a mulher voltou para sua casa, oportunidade em que expulsou Alexandre da residência. “Ele disse que não tinha para onde ir. Falei que isso era problema dele. Depois disso, com medo, fui para a casa de familiares da minha filha. Tive receio de represálias, conhecia ele”.

Perseguição

A possibilidade de uma ameaça mais grave ocorrer era iminente, segundo Cláudia. “Ele começou a me seguir. Um dia avistei uma moto parada em baixo de uma árvore e notei que o piloto me observava. Tive certeza que era ele e me mudei de residência”.

No entanto, Alexandre não parou. Me ligava e me mandava mensagem de vários números. Me perseguiu por um tempo. Uma vez disse que não era pra deixar ele me ver com outro homem. Todo mundo na minha casa tinha orientação de não deixar ele entrar. Era perigoso. Mas ele continuava tentando contato, principalmente em datas comemorativas, mas eu não respondia. Acho que com tantas negativas, ele acabou desistindo de mim e partindo pra outra (sic)”.

Quando achou que estava livre de Alexandre, Cláudia foi avisada por seu irmão de que Alexandre teria entrado em contato. “Disse pra ele que sabia onde eu estava trabalhando. Fiquei receosa, mas nada aconteceu”.

Vídeo contextualizado

Segundo Cláudia, o vídeo foi gravado por Alexandre porque o homem perdeu contato com a ex-companheira. “Eu não atendia ligações de números desconhecidos, não respondia mensagens que ele me deixava. Fui afastando ele. Por isso ele gravou o vídeo. Foi a única forma que encontrou para entrar em contato comigo. Graças a Deus a gravação não chegou até mim, senão eu me trancaria em casa e não sairia mais, de medo”.

No vídeo, Alexandre reforça que a mulher nunca seria capaz de esquecê-lo. “Não adianta me bloquear no Facebook e no Whatsapp. Você pode até bloquear lá, mas na sua mente, vai ficar pro resto da sua vida. Um dia você me deixou entrar na sua mente, no seu coração. Você pode até arrumar outra pessoa, mas um dia vai lembrar [de mim]”, afirmou Alexandre.

Após ter matado a ex-namorada e ter sido morto em seguida, Alexandre – observa Cláudia –, não vai deixar muitas lembranças. “A única lembrança será vinculada ao sentimento de pena que tenho dele. Tentei ensinar os caminhos corretos, não foi só uma vez, mas ele não quis. A vida é feita de escolhas, afinal. Sinto também alívio por mim, minha família e por outras meninas que poderiam ter caído na lábia dele”.

Por fim, Cláudia reitera que mulheres devem ter cuidado e atenção especial com homens “galanteadores demais”. Ele era uma pessoa tão galanteadora, te conquistava a cada minuto. Quando você descobre, pode ser trade demais. Nesse mundo de hoje, mulher nenhuma pode confiar em ninguém, tem que ficar atenta”, aconselha.

Cláudia da Silva* é um nome fictício.