Ex-secretário de saúde é indiciado por “furar fila” de vacinação contra covid-19
José Antônio Rodrigues foi exonerado do cargo e o Ministério Público recomendou que a segunda dose não fosse ministrada
A Polícia Civil de Goiás concluiu o caso que investigava irregularidades no programa de vacinação da Covid-19 no município de São Miguel do Passa Quatro. A corporação comprovou que o ex-secretário de saúde da cidade, José Antônio Rodrigues “furou-fila” para receber a primeira dose da vacina.
Segundo os policiais, o inquérito analisou documentos oficiais, visitou dependências de prédios onde a campanha de imunização acontece e colheu depoimentos de médicos, enfermeiros e servidores públicos.
“O nome do ex-gestor constava em uma das listas de pessoas vacinadas de maneira irregular, uma vez que ele não era nem institucionalizado e nem um profissional de saúde que participava da linha de frente do combate à doença. Ou seja, não era alvo da vacinação”, detalhou o delegado Bruno Barros Ferreira.
José Antônio Rodrigues foi exonerado do cargo e o Ministério Público recomendou que a segunda dose não fosse ministrada. Além disso, ele foi indicado por peculato, crime de quando um funcionário público se apropria ou desvia bens a que tem acesso, em razão de seu cargo.
Caso seja julgado culpado, pode pegar de dois a 12 anos de prisão e pegar multa.
O município de São Miguel do Passa Quatro tem uma população estimada em pouco menos de 5 mil habitantes e recebeu 60 doses da vacina Coronavac em janeiro deste ano, tendo começado a imunização dos moradores no dia 19.
Relembre
Na época em que foi denunciado, em fevereiro deste ano, o Mais Goiás entrou em contato com o ex-secretário e questionou acerca dos servidores que foram imunizados. Ele havia admitido não ser um profissional de saúde, mas que mesmo assim atuava na linha de frente ao combate à Covid-19, por ter sua sala situada dentro do hospital.
Ainda segundo o secretário, o Plano Estadual de Imunização de Goiás especifica profissionais de Saúde que atuam na linha de frente “dentre outros” como sendo do grupo prioritário, o que segundo ele incluiria motoristas de ambulâncias e atendentes de farmácia, assim como ele próprio.
Contudo, a própria Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO) informou na época que não havia “nenhuma prioridade que não seja pessoas inicialmente com idade acima de 90 anos, depois 85 acima e assim sucessivamente, até se chegar ao grupo dos indivíduos com 60 anos.”
Com a conclusão do caso, a reportagem procurou nesta manhã a Prefeitura de São Miguel do Passa Quatro, para saber qual a posição deles com o que foi concluído pelos investigadores. Contudo, até a publicação da matéria nenhuma resposta foi enviada.