LIBERDADE

Ex-secretário de Saúde Wilson Pollara deixa prisão neste sábado

Defesa afirma que, "ao tentar solucionar os problemas da saúde em Goiânia, Pollara acabou perseguido e injustiçado", e garante que conseguirá comprovar a inocência dele

O ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, deixou a Casa do Albergado nesta madrugada de sábado (7) – os dois ex-assessores que também foram presos com ele foram liberados. A informação foi confirmada ao Mais Goiás pela própria defesa dele. Ele foi preso no último dia 27 e teve a prisão temporária prorrogada pela Justiça.

Conforme o advogado Thiago Peres, o Ministério Público de Goiás (MPGO) concluiu que não havia motivos para conversão da prisão temporária em prisão preventiva. O MPGO havia dito ao portal, anteriormente, que avaliava a situação.

“A partir de agora, a defesa irá acompanhar o desenrolar das investigações por parte do órgão ministerial, que poderá ou não ofertar denúncia contra Pollara, resultando eventualmente na instauração de uma ação penal pública”, informa trecho da nota da defesa.

Ainda segundo o advogado, o objetivo é que o ex-secretário “não seja denunciado, pois não há provas de materialidade delitiva por parte do cliente”. A defesa afirma que, “ao tentar solucionar os problemas da saúde em Goiânia, Pollara acabou perseguido e injustiçado”, e garante que conseguirá comprovar a inocência dele.

Pollara foi preso por supostas irregularidades em pagamentos

A prisão do ex-secretário e outros dois ex-gestores da pasta, durante a Operação Comorbidade, ocorreu na manhã da última quarta-feira (27). Segundo o MPGO, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), sob o comando de Pollara, tinha contato direto com os fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela gestão de três maternidades na capital, e realizava pagamentos de forma não oficial.

De acordo com órgão, Pollara e os outros investigados (Quesede Ayres Henrique que atuava como secretário-executivo da pasta e Bruno Vianna, então diretor financeiro da SMS) formaram uma associação criminosa que favorecia empresas por meio de pagamentos irregulares – e eles próprios -, desrespeitando a ordem cronológica de exigibilidade e causando prejuízos aos cofres públicos. O esquema impactou diretamente a gestão da saúde municipal, agravando a crise no setor. Recentemente, o caos refletiu na fila das UTIs com pessoas morrendo à espera de uma vaga.

Além das prisões, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e determinada a suspensão das funções públicas dos três servidores. As ações foram realizadas na sede da Secretaria Municipal de Saúde, nas residências dos presos e de um empresário vinculado aos contratos investigados. Durante as buscas, os agentes encontraram R$ 20.085,00 em dinheiro na posse de um dos alvos.

Por meio de nota, enviada na data da operação, a prefeitura de Goiânia destacou colaborar com as investigações e que tomará as medidas administrativas cabíveis a partir do desdobramento da apuração feita pelo Ministério Público de Goiás. No mesmo dia, inclusive, o município trocou o secretário duas vezes.

Nota completa da defesa de Wilson Pollara

“A defesa de Wilson Pollara informa que seu cliente se encontra em liberdade desde a madrugada deste sábado (07), tendo em vista que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) concluiu que não havia motivos para conversão da prisão temporária em prisão preventiva.

A partir de agora, a defesa irá acompanhar o desenrolar das investigações por parte do órgão ministerial, que poderá ou não ofertar denúncia contra Pollara, resultando eventualmente na instauração de uma ação penal pública.

O objetivo da defesa é que Pollara não seja denunciado, pois não há provas de materialidade delitiva por parte do cliente. Pollara não apenas não praticou qualquer tipo de crime à frente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), como, ao contrário, veio à Goiânia para tentar contribuir para a melhoria da atuação do órgão.

Com mais de 50 anos de carreira, mestrado e doutorado em clínica cirúrgica pela Universidade de São Paulo (USP) e uma gestão à frente da Secretaria Municipal de Saúde que se tornou sinônimo de eficiência, onde conseguiu zerar a fila de espera por exames, Pollara foi convidado para assumir a SMS, no ano passado, e colaborar para sanar os problemas da saúde em Goiânia.

Em todos os depoimentos das testemunhas ouvidas pelo MP-GO fica claro que a crise da dívida da SMS com prestadores de serviço e fornecedores já existia antes da vinda de Pollara, desde a gestão anterior do órgão, e que jamais houve qualquer tipo de prática ilegal, como suborno e propina, por parte do cliente.

Ao tentar solucionar os problemas da saúde em Goiânia, Pollara acabou perseguido e injustiçado. A defesa está certa de que irá conseguir comprovar a inocência de seu cliente que, neste momento, tem como foco principal buscar assistência médica para tratar de um câncer no rim, detectado durante a internação hospitalar nesta semana.”

Thiago M. Peres
OAB/SP 257.761
OAB/GO 70.310