EXCLUSIVO: prefeitura deve retomar projeto de revitalização do cemitério Santana
Semas e associação das funerárias do Estado se comprometeram com projeto originalmente proposto em 2015
A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) deve retomar o projeto de revitalização e recuperação do cemitério Santana, no Setor dos Funcionários. Ao longo de 2017, o cemitério, patrimônio histórico tombado pelo município desde 2000, foi alvo de roubos de túmulos, depredações e mesmo de brigas entre usuários de drogas, fora o estado geral de má conservação da propriedade e de seus prédios.
Em 2015, ainda na gestão Paulo Garcia (PT), a Associação das Empresas Funerárias do Estado de Goiás (Aefego) propôs na Câmara dos Vereadores um projeto de restauração do cemitério Santana. A ideia era transformar o local em um ponto turístico como os cemitérios da Recoleta, em Buenos Aires, da Consolação, em São Paulo, ou o Père Lachaise, de Paris.
De lá pra cá, silêncio total. À luz da atual situação deplorável do cemitério Santana, uma boa notícia: o projeto deve ser retomado. Em entrevista ao Mais Goiás, o secretário da Semas, Robson Paixão de Azevedo (PMDB), falou sobre a importância do projeto e da parceria com a Aefego: “Vamos traçar planos juntos para que a gente possa fazer tudo dentro daquilo que a população espera. E a ideia central é essa, revitalizar, dar segurança pra quem frequenta, evitar as violações de sepultura, os roubos de peças de arte que tem acontecido, ofertar qualidade de trabalho para os nossos servidores com condições de trabalho adequados. Queremos que os cemitérios de Goiânia estejam à altura dos nossos cidadãos”.
Azevedo se reuniu na tarde desta quinta-feira (26) com o representante da Aefego, Omar Layunta, que nos contou do projeto original de recuperação, lá em 2015: “Da nossa parte nós fizemos tudo o que podemos. Resolvemos doar o projeto para a prefeitura e desde a gestão passada ele não caminhou. O arquiteto Leo Romano fez o projeto de revitalização e qualificação do cemitério Santana com o apoio institucional da Câmara dos Vereadores na pessoa do ex-presidente Anselmo Pereira. Fizemos todos os estudos, fizemos inclusive levantamento orçamentário para a implementação”.
Layunta disse que deve se reunir com o secretário novamente na semana que vem, às vésperas do Dia de Finados, para reavaliar o projeto original que visa transformar o cemitério Santana em um museu a céu aberto: “Hoje a gente tem vários problemas no cemitério Santana com violação de túmulos, violência, tráfico de drogas, prostituição. Isso qualquer um que estiver trabalhando lá pode confirmar, as dificuldades são imensas e o poder público precisa tomar providências. Fizemos a nossa parte de tentar contribuir com o poder público pra fazer isso acontecer o mais rápido possível”.
Preservando a memória
Azevedo declarou desconhecer o projeto proposto em 2015: “mas ele está dentro daquilo que eu penso que é fazer do Santana um cemitério diferenciado, que resgate a nossa História e em que as pessoas possam conhecer essa História. Cabe ao poder público essa ação que resgate o cemitério Santana e o coloque em um local de destaque. Temos que fazer tudo o que seja necessário”.
Fundado em 1940, o cemitério Santana é o mais antigo de Goiânia e tem como uma de suas principais características fazer parte do acervo art decó da cidade, inclusive em seu muro e gradil. São 290 mil metros quadrados de espaço e por lá estão sepultadas diversas figuras históricas goianienses como o fundador da cidade Pedro Ludovico Teixeira e sua esposa, dona Gercina Borges; o padre Pelágio; e o primeiro prefeito de Goiânia, Venerando de Freitas Borges.
Leo Romano, arquiteto responsável pelo projeto de 2015, se mostrou surpreso e feliz com a possível retomada. Segundo ele a proposta é simples: “a ideia principal era revitalizar o gradil, o muro art decó do prédio e tratar melhor as duas avenidas principais, a que vai até a capela e a perpendicular. É um projeto de urbanização daquilo com uma avenida mais sombreada, principalmente para essa época do ano em que vivemos um calor mais intenso”.
A proposta visava refazer o calçamento e mesmo modificar uma das capelas e o velário, ambos em crescente desuso: “propomos um calçamento mais acessível, com menos obstáculos e criar uma praça na entrada que pudesse ser um ponto de encontro. Uma ideia era transformar a capela do fundo que quase não recebe mais velórios em um cinema, uma ideia da associação para fazer sessões ali ligados à morte, à terror, à religiosidade. Aquele cruzeiro que é usado como velário, propomos fazer ali um espelho d’água e mudar o velário para outro lugar”.
Ele resumiu: “Enfim, queríamos dar mais conforto ao visitante. A ideia é transformar o Santana em um ponto turístico como acontece em vários outros cemitérios pelo mundo. E temos um acervo de jazigos e estátuas bastante significativo lá dentro”. A ideia continua muito boa no papel, cabe agora ao poder público dar continuidade ao projeto, dois anos depois: “Tomara [que dê certo]”, declarou Romano, “É um projeto que foi doado e a gente fica sempre envolvido emocionalmente com estas questões sociais. O problema é que a maioria das vezes não sai do papel. Mas é assim mesmo, uma hora dá certo”, finalizou, esperançoso.