Exportações goianas de carne bovina geram negócios de US$ 1 bilhão
Goiás deve fechar o ano com exportações superiores a 230 mil toneladas de carne bovina,…
Goiás deve fechar o ano com exportações superiores a 230 mil toneladas de carne bovina, quantidade recorde nos últimos 20 anos, contabilizando negócios que podem chegar a US$ 1 bilhão neste segmento. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), até outubro deste ano as vendas externas de carne bovina de Goiás somaram 195.207 toneladas, com movimentação financeira de US$ 804,361 milhões.
A carne exportada em dez meses de 2018 já supera o total enviado ao exterior em 2017, quando foram embarcadas 189.938 toneladas, conforme a Superintendência de Comércio Exterior da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Goiás (SED). Além do mercado externo, Goiás se destaca como um dos principais vendedores de carne bovina para o mercado nacional.
A rigor, o que ocorreu com a bovinocultura de corte em Goiás nos últimos 20 anos pode ser classificado como verdadeira revolução. Em 1998, o Estado exportou 11.253 toneladas de carne, totalizando negócios que somaram US$ 30,3 milhões. Os produtos bovinos goianos, naquele ano, se destinaram a apenas 22 países.
Considerando o desempenho do ano de 2018, o crescimento das exportações deverá superar 2000% em 20 anos, se atingidas as vendas externas de 230 mil toneladas. Também o número de países-destino da carne goiana saltou mais de 200%, saindo de 22 em 1998 para 66 em 2017, segundo dados consolidados da Superintendência de Comércio Exterior da SED.
Nos últimos 20 anos a carne bovina goiana já foi comercializada para 127 países em todos os continentes. Em relação ao valor global dos negócios, o crescimento nos últimos 20 anos supera os 3.300 por cento, saindo de US$ 30 milhões para US$ 1 bilhão projetados para este ano.
Nas últimas duas décadas, o rebanho bovino goiano apresentou elevado crescimento numérico, saindo de um plantel próximo de 18 milhões de cabeças em 1998 para 22,68 milhões de cabeças em 2018, conforme dados da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa). Outro fator relevante se refere ao número de unidades frigoríficas localizadas em Goiás registradas no Mapa com cadastro para exportação. Em 1998, eram apenas duas plantas industriais. Atualmente são 24.
Há que se considerar também o avanço na taxa de desfrute do rebanho, atualmente em torno de 15% ao ano, com abate anual aproximado de 3 milhões de cabeças. Ganhos significativos foram registrados também nos índices de produtividade, pela implementação de técnicas modernas de produção, nutrição e sanidade.
Parceria de resultados
Os avanços alcançados pela bovinocultura de corte no Estado decorrem principalmente da parceria estabelecida pelo setor público com os pecuaristas, por meio da consolidação de um processo duradouro de confiança, conscientização e cooperação, sempre com foco na busca de resultados positivos para todos os segmentos envolvidos.
Conforme o presidente da Agrodefesa, José Manoel Caixeta, um dos pontos mais relevantes nesses últimos anos foram as medidas que culminaram com a garantia da qualidade dos produtos, em especial os programas de sanidade animal como o controle e combate da febre aftosa, combate da raiva dos herbívoros e controle da brucelose, além de outros. “O significado mais expressivo de tudo isso é que ao longo dos anos os criadores compreenderam e aderiram definitivamente aos programas propostos pelo poder público”, afirma Caixeta.
O Programa Estadual de Enfermidades Vesiculares (Febre Aftosa), coordenado pela Agrodefesa, tem sido fundamental para assegurar a qualidade da carne produzida em Goiás. Embora a vacinação obrigatória ocorra nacionalmente há quase 60 anos, foi nas últimas duas décadas que o programa se intensificou e conseguiu barrar o surgimento de casos da doença. Em Goiás, o último foco de febre aftosa comprovado ocorreu em agosto de 1995, portanto há mais de 23 anos. Tanto que Goiás conquistou recentemente o certificado de Estado livre de febre aftosa, com vacinação.
Conforme José Manoel Caixeta, o Programa de Combate à Aftosa, com sucessivas campanhas de vacinação, alcançou plenamente seus objetivos e tem proporcionado ganhos substanciais aos produtores e ao Estado. Esta semana mesmo (dia 30), será concluída a segunda etapa deste ano, com previsão de imunizar 9,5 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos de zero a 24 meses. De igual modo, os programas de controle da raiva e da brucelose também se destacam nas ações da Agrodefesa, com envolvimento e conscientização dos pecuaristas que cumprem rigorosamente as normas legais.
O próximo passo será a obtenção do status de Estado livre da febre aftosa sem vacinação. Para tanto, o Ministério da Agricultura elaborou o Plano Estratégico da Retirada da Vacinação Febre Aftosa, a ser implementado no período de 2019 a 2026. Com base nesta programação, o Estado de Goiás vai proceder a última vacinação do rebanho (animais de todas as idades) em maio de 2021.
Após isso, haverá um período de acompanhamento e avaliação e a previsão é que em 2023 o Mapa declare Goiás e os demais estados brasileiros livre de febre aftosa, sem vacinação. Por fim, em 2026, espera-se a conquista definitiva do título de Brasil Livre da Aftosa a ser outorgado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), unidade da Organização das Nações Unidas, com sede em Paris.