OPERAÇÃO

Exportador de Goiás que sonegou milhões em impostos recebia Auxílio Emergencial

Nome de quatro pessoas foi usado para abrir empresas que sonegaram R$ 100 milhões do governo de Goiás

Exportador de Goiás que sonegou milhões em impostos recebia Seguro Emergencial (Foto: Polícia Civil)

No mundo real um homem simples, que recebeu as parcelas do Auxílio Emergencial do Governo Federal, mas, no papel, um megaempresário, que sonegou milhões em impostos. Este é o perfil de um dos quatro presos durante operação desencadeada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (11), em sete municípios goianos.

De acordo com investigações conduzidas pela equipe da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), um grupo de empresários, ainda não identificados, criou empresas de fachada em nomes de terceiros, os chamados “laranjas”, para sonegar ICMS devido ao Estado de Goiás por meio da venda de grãos, principalmente milho e soja.

Levantamento feito pela Secretaria da Economia (Sefaz) mostra que, somente em um ano, o grupo, que exportava os grãos principalmente para o Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul, deixou de repassar R$ 101 milhões em impostos ao estado.

Os principais desvios, de acordo com a DOT, foram com a venda de milho (R$ 27 milhões em ICMS), soja (R$ 19 milhões), sorgo (R$ 3 milhões), milheto (R$ 338 mil), e feijão (R$ 187 mil). Ao todo, foram identificados R$ 50,6 milhões em ICMS originalmente suprimidos em 285 mil toneladas de grãos.

Justiça de Goiás bloqueia R$ 60 milhões em bens dos investigados

Até o início da tarde de hoje, a Polícia Civil já havia conseguido cumprir quatro, dos sete mandados de prisão expedidos. Os investigados também tiveram R$ 60 milhões em bens bloqueados pela justiça.

O próximo passo da investigação, segundo o delegado Cleybio Januário, titular da DOT, é o de identificar os verdadeiros sonegadores. “Nesta primeira etapa nós conseguimos identificar e prender as pessoas que criaram estas empresas de fachada, e não temos dúvidas que, em breve, chegaremos aos donos dos grãos, que são os verdadeiros responsáveis pela sonegação”.

Chamou a atenção dos investigadores, e da equipe da Sefaz, o fato de um dos supostos donos de uma carga de grãos ter recebido todas as parcelas do Auxílio Federal, repassado a pessoas carentes pelo Governo Federal durante a pandemia. “É até difícil de acreditar, mas identificamos, entre os investigados, uma pessoa que supostamente era dono de uma empresa que comercializou milhões em grãos, mas que estava recebendo esse auxílio”, pontuou o superintendente de controle e fiscalização da Sefaz, Marcelo de Mesquita.

A PC e a Sefaz não divulgaram nomes e idades dos investigados. Além da prisões, também foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão em Goiânia, Luziânia, Senador Canedo, Aparecida de Goiânia, Nerópolis, Itumbiara, Cachoeira Dourada, Cuiabá-MT, Brasilândia-MT, Xinguara-PA, Conceição do Araguaia-PA, Marabá-PA, Santa Rosa do Tocantins-TO e no Distrito Federal.