Extração ilegal de minerais afeta 90% do córrego Santo Antônio, em Aparecida, diz ONG
Organização identifica danos ambientais aos cursos d'água do município e alerta que abastecimento de água da Grande Goiânia pode ficar comprometido
A maior parte da extensão do Córrego Santo Antônio é usada para extração ilegal de minerais, em Aparecida. De acordo com a Organização Não Governamental Brigada de Incêndios Florestais Anjos Verdes do Brasil (Bifav Brasil), 90% do manancial já foi impactado pelos pontos ilegais de extração de minerais. De acordo com a ONG, os crimes são cometidos livremente e à revelia da Lei. A brigada realiza inspeções dos mananciais do município regularmente e também identificou danos ao Córrego Tamanduá e Ribeirão Lajes.
Este ano, a Bifav Brasil realizou nove inspeções ao longo do curso do Córrego Santo Antônio. “As operações foram realizadas em trechos distintos ao longo do manancial e em todas as ocasiões foram encontradas situações de exploração de minério no curso d’água, inclusive de dia”, declarou oficial D’ Guardiania do Anjos Verdes, Robson Soares. Ele está à frente do Comando de Operações da Bifav Brasil.
Segundo informações da ONG, o problema ambiental se repete nos córregos Tamanduá e no Ribeirão Lajes, também em Aparecida. “A prática criminosa que coloca os recursos hídricos em risco gera reflexos gravíssimos para a população”. Além da destruição da fauna e flora local, a destruição dos recursos hídricos impactam no abastecimento de toda Região Metropolitana de Goiânia, pois são os córregos e ribeirões que avolumam os rios que abastecem as cidades.
Além de acompanhar a situação dos mananciais do município há décadas, a Bifav Brasil auxilia no combate aos crimes ambientais redigindo laudos técnicos e encaminhando denúncias ao Ministério Público e demais órgãos da Administração Pública.
Prefeitura
Em nota ao Mais Goiás, a Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida de Goiânia (Semma) alega que as equipes de fiscalização têm monitorado constantemente as áreas ambientais do município com potencial para a prática ilegal de extração irregular de areia. O trabalho de fiscalização conta com o apoio do serviço de inteligência da Guarda Civil Municipal (GCM), Polícia Civil e população, que participam do trabalho denunciando o crime ambiental.
Apreensões
Nos últimos seis meses, a prefeitura afirma que apreendeu cinco caminhões, pás e enxadas, uma draga, uma minicarregadeira e outros equipamentos utilizados para a extração clandestina de areia às margens do córrego Santo Antônio. Seis denúncias desse crime foram feitas ao órgão ambiental da prefeitura nesse período.
A Semma alega ainda todos os responsáveis denunciados nos últimos seis meses foram identificados e multados pela prática ilegal de extração de areia no município. O órgão alerta que extrair recursos minerais sem a devida autorização ou licença ambiental é crime. A pasta afirma também que o registro de denúncia é fundamental para coibir a atividade ilegal e garantir a preservação dos mananciais. As apreensões foram feitas no Setor Terra Prometida. Outro ponto de extração ilegal de areia fica entre o Setor Jardim Paraíso e Vila Maria.
Contensão
No mês de junho, a prefeitura de Aparecida fez uma barreira de contensão em um acesso clandestino feito na mata para impedir a entrada de tratores e caminhões que faziam a extração ilegal de minerais do curso d’água.
Chacareira que mora próxima ao ponto de extração no Jardim Paraíso, Neila de Lourdes Soares afirma que a contensão ajudou na diminuição das ocorrências desse crime ambiental no local. “Pelo menos por enquanto, não houve mais retirada ilegal de areia por aqui. O crime acontecia dioturnamente e, pelo menos dois caminhões de areia cheios saíam daqui quando os criminosos estavam no local”, declara Neila.
Denúncias
Denúncias de flagrantes podem ser registradas na Central de Atendimento da Semma, que funciona 24h, pelos telefones 3238-7216 ou por mensagem de texto para o Whatsapp 98459-1661. A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Demma), responsável pela investigação e penalidades no âmbito do Código Penal, é parceira do Município em ações integradas de preservação ao meio ambiente.