Tem dono?

Faixa que estabelece Praça do Sol como “propriedade” de moradores do Setor Oeste causa polêmica

Uma faixa com os dizeres “A Praça do Sol pertence aos moradores do Setor Oeste”…

Uma faixa com os dizeres “A Praça do Sol pertence aos moradores do Setor Oeste” deu o que falar nas redes sociais. A frase foi colocada no espaço de lazer e convivência da praça, em Goiânia, pela Associação dos Moradores da Praça do Sol e Adjacências (Apsol) na última semana. Usuários criticaram a iniciativa e afirmaram que o lugar é público. Associação diz que foi mal interpretada e só quer cuidar do ambiente. Prefeitura fez a retirada nesta segunda-feira (3) e disse que os moradores não têm poder de decisão para atividades no local.

Nas redes sociais, um usuário comentou: “Fala sério! Pertence a todos os cidadãos que paga impostos! Simplesmente assim”. Outro disse que a faixa representa uma “higienização social […] estão se apossando ilegalmente de um bem público e ainda querem dizer que são civilizados”. Teve gente que brincou com a situação: “para visitar a praça somente apresentando comprovante de endereço no próprio nome e documento com foto”.

Segundo explica o presidente da Aprasol, Achilles de Abreu Vieira, a faixa foi colocada no local depois que a associação assinou um termo do programa ‘Adote uma árvore’. “Nós recebemos a tutela da praça. O objetivo com a faixa foi comunicar todos os moradores que a responsabilidade do lugar é nossa”, disse.

O homem alega que a intenção não foi restringir o uso da praça aos moradores do Setor Oeste. “O nome da nossa associação já fala em adjacências, ou seja, abrange a cidade toda. Vem gente de todo lugar para a praça. O local é público e não queremos proibir ninguém de frequentar, só queremos preservar e cuidar do ambiente”, alega.

“Proteção”

Achilles ressalta que a intenção da Aprasol é “proteger a praça para ela não ser destruída”. Segundo ele, a Associação busca colocar uma academia de ginástica no local, além de melhorar o sistema de irrigação e iluminação.

O homem relata, ainda, que a praça enfrenta alguns problemas como a falta de segurança e a montagem de barracas dos feirantes antes do local permitido. “A praça é muito escura à noite e não há policiamento. Nossa luta também é para colocar uma cabine da Polícia Militar para tomar conta da região. Também tem a questão dos feirantes, que montam as barracas às 8h da manhã sendo que a feira só tem início às 16h. A praça fica totalmente inutilizada durante toda a manhã”.

E completou: “não sou contra a Feira do Sol, mas queremos que a montagem comece às 13h, pois é o tempo suficiente. A parte da manhã tem que ficar livre para as crianças e moradores. Os feirantes chegam com as ferragens e pronto, ficam lá. Isso prejudica quem quer ficar na praça. Já diminuiu bastante a presença de pessoas que visitam o local no domingo por conta disso”, relatou.

O outro lado

O gerente administrativo do Sindicato do Comércio Varejista de Feirante e Vendedor Ambulante de Goiás (Sindifeirante), Luiz Henrique, afirma que as montagens ocorrem de acordo com a autorização da Prefeitura e não podem ser feitas por livre espontânea vontade.

“Geralmente 90% dos casos obedecem à normativa. O sindicato não tem conhecimento de pessoas que desrespeitam essa regra”, afirmou. Ele disse, também, que a Feira do Sol não causa transtornos às redondezas e não impede a circulação de veículos e pedestres. “Tudo é feito dentro da normalidade, obedecendo às exigências impostas”, alegou.

Prefeitura

Em entrevista ao Mais Goiás, o titular da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), Henrique Alves, informou que a Associação assinou o termo do programa ‘Adote uma árvore’, que determina apenas a manutenção do espaço público com atividades de paisagismo e limpeza do local.

A associação não tem poder de decidir outras questões como atividade econômica, por exemplo. A Feira não vai sofrer nenhuma alteração. Caso a Apsol faça qualquer coisa fora da lei do programa, o termo de adoção pode ser cassado a qualquer tempo”.