Faltam doadores de medula óssea com ascendência negra e indígena
Goiás pode cadastrar 12 mil doadores por ano.
O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que engloba todos os estados brasileiros, tem 24 milhões de doadores cadastrados no País. “Nós temos 3,5 milhões de doadores cadastrados nessa rede. O Brasil tem o terceiro maior registro de doadores de medula óssea do mundo”, ressalta o diretor-geral do Hemocentro de Goiás, Mauro Silva.
Goiás pode cadastrar 12 mil doadores por ano. “Nós já estamos um pouco acima dessa quantidade de 12 mil doadores cadastrados, mas Goiás precisa aumentar a representatividade genética, inclusive de descendentes de índios e de pessoas originárias de quilombos”, explica a coordenadora da Divisão de Captação de Medula Óssea do Hemogo, Ludmila Ferreira. Um morador de Goiás pode ser compatível com algum receptor do Canadá, por exemplo. Pode acontecer o caminho inverso também porque o cadastro é nacional e o Brasil, através do Redome, firmou convênio com vários países.
Hemocentro de Goiás
O Hemocentro de Goiás (Hemogo) atende os leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 80 hospitais, com a oferta de sangue e seus derivados, além investir em ensino e pesquisa. Segundo Ludmila Ferreira, o cadastro de doadores de medula óssea é feito exclusivamente na unidade ou em algum local onde esteja sendo feita campanha relacionada ao tema.
O doador deve ter de 18 a 55 anos, apresentar documentos pessoais (carteira de identidade e CPF), três telefones de contato e assinar um termo de responsabilidade. “Primeiramente, ela tem que ter vontade de doar. Muitas pessoas se cadastram sem ter vontade e quando são chamadas para efetivar a doação, elas não comparecem”, alerta Ludmila.
O doador não pode ser portador de HIV e não pode ter tido câncer anteriormente, mas pode estar tomando qualquer remédio, pode ter bebido no dia anterior e pode ou não estar em jejum. No ato do cadastro retira-se 5 ml de sangue do doador, que vai para o banco do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).
Procedimentos para a doação de medula óssea
A doação de medula óssea pode acontecer de duas formas: procedimento cirúrgico no qual se retira a medula óssea do osso da bacia (conhecida como punção direta da medula) ou por aférese (punção da veia), procedimento no qual uma máquina faz a coleta apenas das células-mãe, estimuladas pelo uso de medicamento.
“Muita gente confunde com alguma coisa relacionada à coluna espinhal. Na doação de medula óssea não se retira nada da coluna. A medula óssea é retirada direto da produção, que fica no osso da bacia. Uma agulha faz essa punção e retira-se uma quantidade como se fosse uma bolsa de sangue, cerca de 450 ml”, salienta Ludmila.
No Estado de Goiás esta coleta é feita no Hospital Araújo Jorge e o doador fica internado pelo período de apenas um dia. O Hospital Araújo Jorge também faz a cirurgia de transplantes, mas só entre parentes.
Cadastro do doador
O cadastro do doador só pode ser feito no Hemocentro, em Goiânia (Avenida Anhanguera, nº 5195 – Setor Oeste), nas unidades do interior (Rio Verde, Ceres, Jataí e Catalão) ou através de campanhas de doação organizadas pelo Hemogo. “Nós tivemos uma funcionária da Secretaria da Saúde que fez a doação de medula óssea para o irmão dela, que mora lá em Portugal, sinal que as pessoas podem ser doadoras em todo o mundo. Estamos buscando uma pactuação com outros estados que provavelmente não atingirão a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde para aumentarmos nossa quota de doadores”, relata Mauro Silva.