Família entra na Justiça por corte de serviço de enfermaria a deficiente em Anápolis
Adolescente acamado precisa de assistência home care
A mãe de um garoto deficiente acamado entrou na Justiça contra plano de saúde por corte de serviço técnico de enfermagem home care, em Anápolis. Medida cautelar que pede retorno de atendimento foi protocolada na noite da última sexta-feira (23), um dia após o corte do serviço. A criança, de 13 anos, nunca falou ou andou, necessita de respiração mecânica e se alimenta por sonda de infusão. Advogada cobra serviço digno da Unimed Anápolis desde 2020.
Luiz Gabriel Di Amorim, 13 anos, nasceu com lesões cerebrais e foi diagnosticado com Síndrome de West. Ao Mais Goiás, a advogada que cuida do caso, Gabriela Pereira de Melo Teixeira, afirma que o serviço da Unimed nunca foi prestado de forma devida. “A Unimed oferece um serviço insuficiente que está em desacordo com pedidos médicos. Para eles, Luiz Gabriel é um número. Representa apenas um paciente caro”, declara.
A advogada explica que há um processo tramitando na Justiça para implementação efetiva do serviço home care pelo plano de saúde contratado pela família de Luiz Gabriel desde o início do último ano. No entanto, o corte do serviço das técnicas de enfermagem na última quinta-feira (22) motivou a ação de medida cautelar pedindo o restabelecimento do atendimento em caráter de urgência. O pedido foi feito na noite da última sexta-feira (23). Gabriela tem expectativa de que o resultado da ação saia ainda neste fim de semana.
Quarto de UTI
A mãe de Luiz, Mônica Di Amorim, possui um verdadeiro aparato hospitalar dentro de casa. “Olhando assim pro quarto dele, você pensa que meu filho está internado em algum hospital. Na verdade, esse é o quarto dele”, diz a mãe da criança deficiente. O local parece uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com aparelhos que mantém Luiz Gabriel respirando por ventilação mecânica e alimentação por sonda gástrica.
Além desses aparelhos, Luiz tem traqueostomia, que precisa ser aspirada. Para realizar o procedimento, é necessário conhecimentos técnicos de enfermagem. A mãe de Luiz é professora de matemática largou a profissão para acompanhar o tratamento do filho. “Deixei minha profissão após 24 anos de sala de aula, pois as intercorrências me fizeram ter que abdicar da minha profissão para acompanhar o tratamento do meu filho”, Lamenta Mônica.
Quadro de Saúde
Luiz Gabriel tem um quadro grave de saúde desde que nasceu com lesões cerebrais. Ele foi diagnosticado com Síndrome de West aos três meses de idade. Aos nove anos de idade, o garoto recebeu inserção de uma sonda gástrica para nutrição diária de pacientes que não podem usar a via oral para a se alimentar. Em 2017, Luiz Gabriel necessitou de fazer traqueostomia para respirar com auxílio de ventilação mecânica. Desde essa época, o garoto se mantém internado dentro de casa.
A internação, que levou a necessidade de atendimento técnico de enfermagem na modalidade home care começou em novembro de 2017. De acordo com o relato de Mônica, além da necessidade de sonda para se alimentar e ventilação mecânica para respirar, sua criança necessita de cuidados intensivos de fisioterapia, fonoaudiologia, médicos intensivistas, neurologista, pneumologista, gastroenterologista e uma equipe de enfermagem 24 horas por dia.
Unimed Anápolis
Ao Mais Goiás, assessoria jurídica da Unimed Anápolis manifestou em nota que o corte de serviço de enfermagem se deve ao respeito a uma determinação judicial do Tribunal de Justiça de Goiás e que a política da empresa é não comentar sobre assuntos jurídicos que envolvem partes beneficiárias.
De acordo com o processo de agravo de instrumento do Tribunal de justica do Estado de Goiás,o acórdão de relatoria do desembargador Jairo Ferreira Júnior, consta que fica claro que Luiz Gabriel não necessita de fornecimento de profissional de enfermagem habilitado como pleiteado.