BEBÊ INGERIU COLÍRIO

Farmacêutico pode ter registro suspenso por venda de remédio errado que teria causado morte de bebê

Bebê de dois meses morreu por suspeita de ingerir um colírio que teria sido vendido por engano, no lugar de um remédio para vômito, em uma farmácia de Formosa

O farmacêutico responsável pelo atendimento que culminou na venda de um medicamento por engano, e que pode ter causado a morte de um bebê de dois meses, pode ter seu registro profissional suspenso. De acordo com o Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO), o fato de ter sido um atendente ou balconista que realizou a venda não exime a responsabilidade do farmacêutico, que é responsável pelo treinamento e preparação daqueles profissionais.

Segundo o CRF-GO, a receita estava legível e não seria esse o motivo do erro. Além disso, a responsabilidade do farmacêutico é compartilhada com o proprietário da farmácia, pois é dever do estabelecimento manter um farmacêutico presente em 100% do tempo. Durante fiscalizações, o conselho constatou que essa farmácia em particular teve um farmacêutico presente em 75% das vezes nos últimos dois anos.

O Mais Goiás não teve acesso ao nome da farmárcia e, por esse motivo, não conseguiu entrar em contato com o estabelecimento para pedir por um posicionamento. O espaço está aberto.

O CRF-GO deslocou um fiscal farmacêutico para fazer inspeção investigativa na farmácia. Após concluído o relatório, será aberto processo ético-disciplinar. As sanções do Código de Ética da profissão vão desde uma advertência ao pagamento de multa, podendo até acarretar em suspensão temporária ou definitiva do registro profissional do farmacêutico.

Relembre o caso

Um bebê de dois meses morreu na madrugada de domingo (5) por suspeita de ingerir um colírio que teria sido vendido por engano em uma farmácia localizada no município de Formosa. De acordo com a Polícia Civil, o medicamento foi prescrito adequadamente e sua finalidade era prevenir náuseas e vômitos

Segundo o relato da mãe do menino à polícia, seu filho apresentava sintomas como náusea, vômito e febre, o que a levou a procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade. Após examinar a criança, o médico prescreveu três medicamentos, incluindo a “bromoprida”, que tem como objetivo evitar vômitos.

O avô da criança foi à farmácia e adquiriu os medicamentos prescritos, os quais entregou à mãe da criança, que os administrou seguindo as orientações médicas. No entanto, após algum tempo, a criança começou a chorar e gritar de dor.

A mãe informou que, contrariando a prescrição médica, a farmácia vendeu o medicamento errado, o “tartarato de brimonidina”, que é um colírio usado para tratar o glaucoma. Ela voltou na UPA e os médicos chegaram a intubar o menino, mas ele não resistiu.

Segundo a polícia, um relatório preliminar indicou que a ingestão do medicamento pode ter sido a causa da morte da criança, porém, somente com a conclusão dos exames poderá determinar o que realmente provocou o óbito.