Feirantes optam por mais um fim de semana sem Feira Hippie
Trabalhadores querem garantia do retorno à Praça do Trabalhador e funcionamento na sexta, sábado e domingo, quando houver a volta
Como ocorreu no último fim de semana, os feirantes da Feira Hippie não montarão suas barracas neste sábado (1º) e domingo (2). Valdivino da Silva, presidente da Associação da Feira Hippie, explica que abrir seria prejuízo. “Fizemos uma assembleia e os 279 que participaram foram a favor de não abrir”, relata. Os trabalhadores demandavam, inicialmente, pela autorização de funcionamento nas sextas. Contudo, eles estão dispostos a retornar, neste momento, cortando a sexta ou domingo, desde que haja garantia de funcionamento nos três dias, quando voltarem à Praça do Trabalhador, que passa por uma revitalização.
Vale lembrar que, no último dia 24, os feirantes realizaram um protesto pela permissão de funcionamento da feira às sextas, que representa o melhor dia de venda destes trabalhadores. O Comitê de Crise da cidade se comprometeu a demandar o tema, mas, como não houve reunião extraordinária, a pauta será colocada apenas na segunda-feira (3), dia regular das assembleias.
“Provavelmente iremos participar”, destaca o presidente Valdivino. A expectativa era a realização de uma reunião extraordinária, “mas infelizmente não conseguimos”. Ele argumenta que os feirantes estão dispostos a perder um dia da feira neste momento de pandemia para retornar aos trabalhos na próxima semana, desde que tenham a garantia de retorno na Praça do Trabalhador em 20 de outubro – quando a revitalização estará pronta, segundo relatado –, com os três dias de abertura: sexta, sábado e domingo.
“Hoje [sexta] já tem clientes nossos, sacoleiros, indo embora. Não faz sentido não participar deste bolo comercial”, explica a necessidade da sexta. “Representa 50% das nossas vendas.”
Retorno
Questionado sobre questões de trânsito, Valdivino afirma que, de fato, se o retorno ocorresse nesta sexta haveria algum transtorno. “Mas não muito”, diz ao reforçar que na Praça do Trabalhador isso não ocorreria. Sobre a possibilidade da prefeitura de Goiânia dar a garantia exigida, mas excluir a sexta em vez de domingo, ele diz que haveria um sacrifício e uma programação para minimizar os danos.
“Estamos dispostos a ceder até a conclusão da obra. Mas sem isso, estaríamos assassinando a feira”, relata o presidente da Associação. “Precisamos deste dia.” De acordo com ele, o cliente de varejo (do sábado e domingo) é muito pouco. Além disso, há, ainda, as galerias da 44 e a Feira da Madrugada, que minam ainda mais a procura no fim de semana.
Durante a semana
Ao Mais Goiás, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Tecnologia (Sedetec), Walison Moreira, disse, na terça (28), que o funcionamento na sexta-feira estava fora do cronograma original da feira. O dia foi incluído provisoriamente pelo prefeito Iris Rezende (MDB) somente até o começo das obras da Praça do Trabalhador, mas não era uma compensação – pois não houve interrupção dos trabalhos.
Valdivino, por sua vez, reforça que há quase três anos a feira abre na sexta, sábado e domingo. “Mesmo sendo provisório, sempre alertamos que entraríamos em falência sem os três dias.” Em relação a haver feirantes interessados em abrir no fim de semana, contrário a decisão da assembleia, ele garante que a Associação não impede.
Apoiador da causa dos feirantes, o vereador Sargento Novandir (Patriotas) rebateu Walison e disse que este prazo foi combinado quando havia o entendimento de uma revitalização mais rápida na praça. “Seria até a praça ficar pronta.” Segundo ele, os feirantes são cuidadosos nos protocolos sanitários.
Opção pelo fechamento
Em novo contato com o secretário Walison Moreira, ele disse que recebeu com tristeza a decisão de não abertura neste fim de semana. “Porque a gente trabalhou muito para conseguir esse espaço para o feirante trabalhar, pois foi uma das categorias que mais sofreu e continua sofrendo. Esse retorno seria a possibilidade de já irem se acostumando com os protocolos.”
Sobre as reivindicações, Walison não descarta o retorno da sexta provisoriamente, mas critica a forma como isto é cobrado. “Eles não estão cedendo, pois a lei permite somente o sábado e o domingo”, argumenta. “Mas estamos dispostos a dialogar para poder repensar a feira.” Desta forma, o secretário pontua que retorno é um tema e o acréscimo de dia é outro.
“O ideal é que, quando a Praça do Trabalhador estiver perto do retorno, ocorram debates com a sociedade e vereadores para discutir essa volta ao local e os dias. É necessário uma lei, inclusive. Também é preciso repensar a Feira Hippie, já que o número de feirantes aumentou com o início das obras e a mudança para as adjacências da 44 – ou seja, é possível que alguns estejam de forma irregular. Além disso, a própria feira mudou seu estilo, se tornando mais atacado”, observa.