Fila de espera por transplante de medula óssea tem 664 pacientes de Goiás
Chance de conseguir compatibilidade é de uma em 100 mil, de acordo com médica do Hemocentro de Goiás
Conseguir compatibilidade entre medula óssea de doação e um paciente é de 1 em 100 mil. É o que explica a médica hematologista do Hemocentro de Goiás Maria Amorelli. Existe ainda a chance de encontrar um doador, mas não dar tempo de realizar o transplante por estar no meio, ou no final, de outro tipo de tratamento.
Foi isso que aconteceu com Daniel Guimarães Câmara, de 3 anos, que morreu em um hospital de São Paulo, na noite de quarta-feira (20), em decorrência de uma leucemia. A família havia encontrado um doador compatível e aguardavam ele recuperar de mais uma rodada de quimioterapia para realizar o transplante, mas a criança não resistiu.
Assim como Daniel, que é natural de Rio Verde (Sudoeste de Goiás), há outros 664 goianos alimentando a esperança de conseguir um doador compatível, segundo dados do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer (Imca).
A medula óssea é localizada no interior dos ossos e possui células-tronco hematopoiéticas, responsáveis pela produção dos componentes do sangue, como as hemácias ou glóbulos vermelhos, os leucócitos ou glóbulos brancos e as plaquetas.
O transplante é direcionado para pacientes com doenças que comprometem a produção normal de células sanguíneas, como as leucemias, além de portadores de aplasia de medula óssea e síndromes de imunodeficiência congênita. Como as chances de compatibilidade são baixas, quanto mais doares estiver no sistemas, maior é a probabilidade de um paciente conseguir encontrar uma medula.
Doação de medula óssea
O processo de doação da medula óssea começa pelo cadastro. Para ser um doador é preciso ter entre 18 e 35 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue e não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.
O interessado deve procurar o Hemocentro e se registrar. Para o cadastro, uma amostra de 5 mil de sangue é colhido para ser feito um teste de compatibilidade (HLA). Os resultados desse teste ficará no sistema nacional e caso surja um paciente compatível, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) entra em contato com o doador para confirmar se ele quer realmente quer doar, e assim, dar sequência à doação.
Com a confirmação, o doador passará por novos exames e será direcionado até o centro transplantador para encontrar o paciente.
Em Goiás, não há nenhum hospital que realiza transplantes de medula óssea para doadores não aparentados.
Transplante
Há duas maneiras autorizadas pelo Ministério da Saúde de coletar as células. A primeira é por punção direta da medula óssea, que ocorre em um cirúrgico, sob anestesia e retira as células através de punções na região dos ossos do quadril. O procedimento dura em torno de 40 minutos e doador fica em observação por um dia.
A segunda é por punção na veia, onde as células são coletadas diretamente da corrente sanguínea, através de um procedimento de aférese – quando o sangue é passado através de um aparelho que separa um componente específico e devolve o restante à circulação- que dura cerca de 3 a 4 horas, neste caso, o doador deverá receber uma medicação por 5 dias para estimular as células-tronco. O médico irá avaliar qual dos tipos é o mais apropriado para cada doador.
*Jeice Oliveira compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Alexandre Bittencourt